São Paulo, sábado, 21 de setembro de 2002

Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Próximo disco do guitarrista, que se apresenta hoje e amanhã no Credicard Hall, terá repertório totalmente acústico

Buddy Guy toca "para humanos" em SP

Marcial Trezzini - 6.jul.2002/France Presse
O guitarrista norte-americano Buddy Guy, em apresentação no Festival de Montreux deste ano


EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Em plena fase de transição, o blueseiro norte-americano Buddy Guy volta ao Brasil. O homem que se apresenta hoje e amanhã no Credicard Hall está dizendo até logo à fase elétrica, rudimentar e rústica, sintetizada em "Sweet Tea" -disco lançado no ano passado e que serve de mote para os shows, que fazem parte do projeto Visa Sounds.
Seu próximo trabalho, previsto para ser lançado em novembro deste ano nos EUA, será totalmente acústico. Guy, 66, estará acompanhado de baixo, bateria e mais um guitarrista.
"Vou tocar coisas de Muddy Waters e Son House, entre outros." O nome do CD? "Provavelmente você vai saber isso antes de mim", disse Guy por telefone, durante uma pausa dos shows que fez com os Rolling Stones no começo deste mês, em Nova York.
Apesar de estar levando mais a sério a musicalidade que registra nos estúdios, o guitarrista continua achando que o palco é o melhor lugar para desovar seu blues intenso ou, nas palavras dele próprio, humano. E ele dá a receita.
"Sou diferente desses músicos que ganham dinheiro nas rádios e nos videoclipes. Cometo erros. Talvez por isso meus shows sejam o que são. São humanos e feitos para humanos."
Quem teve a oportunidade de ver as apresentações que o guitarrista fez por aqui na visita anterior, em 2000, há de concordar. Guy desceu do palco, entrou tocando no banheiro das mulheres, silenciou e fez gritar a platéia e tocou trechos de canções de rock.
Houve, porém, um problema que incomoda o blueseiro onde quer que ele toque: o comparativamente pequeno número de rostos femininos diante do palco.
Seria então o blues coisa de macho? "Não, de jeito nenhum. Se as meninas forem expostas à música, como os rapazes são, certamente também vão gostar e passarão a ir aos shows."
E, por falar em exposição, a velha zanga de Guy contra o pouco espaço que o blues tem nas rádios continua. Só que agora um pouco mais incisiva.
"Esses caras estão vencendo. O blues está tão escondido que não vejo nada similar ao que aconteceu nos anos 60, quando os britânicos fizeram o estilo explodir, ou nos anos 80, quando surgiu Stevie Ray Vaughan."
Mas parece que o guitarrista não está disposto a entregar os pontos de maneira tão fácil. Apesar de ter uma preguiça "romariana" de ensaiar com a banda e de ficar em casa treinando escalas, ele desenvolveu um jeito todo seu para ficar descobrindo possibilidades com a guitarra e, em consequência, para o estilo que executa.
"Estou o tempo todo ligado. Quando vejo TV, por exemplo, presto atenção nas músicas de fundo dos comerciais. Mantenho aquilo na minha cabeça. De uma forma ou de outra, esse conhecimento acumulado acaba refletindo no meu jeito de tocar."
Em relação à formação que São Paulo viu há dois anos, a principal novidade na banda de Guy é a presença de um instrumento de sopro, mais precisamente o saxofone de Jay Moinihan. O repertório do show será baseado em "Sweet Tea", mas recheado de clássicos da cartilha blueseira.
Além disso, Guy promete dar tudo de si, pois diz gostar das platéias brasileiras. "Toda vez que volto, tem sempre mais gente querendo me ver. Amo as pessoas, e são elas que fazem o país."


BUDDY GUY - Quando: hoje, às 22h, e amanhã, às 20h. Onde: Credicard Hall, av. das Nações Unidas, 17.955, tel. 5643-2500. Quanto: de R$ 20 a R$ 150. Ingressos: Ticketmaster (6846-6000).


Próximo Texto: A besta na lua: Memória armênia é recuperada em peça
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.