São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dupla mistura reggaeton e acid house no Vegas

Formado por um chileno e um alemão, o Surtek Collectiv mescla o estilo porto-riquenho ao precursor da eletrônica

Vicente Sanfuentes conta que, ao se apresentar ao vivo, duo prefere utilizar equipamentos analógicos para show dançante


Divulgação
O alemão Uwe Schmidt (à esq.), ou Donadon, com o chileno Vicente Sanfuentes, ou Kaos Papi


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto uma boa parte dos produtores de música eletrônica aposta no minimalismo para renovar estilos como tecno, house e afins, outra quer é maximizar. "Fazemos músicas para bailar. Não tem nada a ver com minimal ou coisas assim, é tudo máximo", descreve o chileno Vicente Sanfuentes, 29, sobre o Surtek Collectiv.
O produtor chileno e seu parceiro, o alemão Uwe Schmidt, mostram hoje, no clube Vegas, o projeto que, pasmem, mistura o estilo porto-riquenho reggaeton com acid tecno.
O resultado, que pode ser conferido em quatro faixas que estão no MySpace (www.myspace.com/98786435), é um som deliciosamente dançante.
"Roubamos o melhor do reggaeton, que é a violência rítmica e a loucura, e juntamos aos timbres do acid house", explica Sanfuentes. "Nossa idéia é pegar o que há de cru no estilo e apresentar num ambiente mais intelectual, como são os clubes de minimal house."
O Surtek, diz ele, estreou no ano passado no festival canadense Mutek. O também chileno Ricardo Villalobos, rei do minimal, furou sua participação no evento e os dois foram convidados para improvisar em seu lugar. "Tínhamos uma idéia de mesclar acid house e reggaeton, então decidimos inventar o Surtek Collectiv", diz.

Paixão à primeira vista
Sanfuentes e Schmidt, que, no coletivo, atuam sob os codinomes Kaos Papi e Donadon, respectivamente, apaixonaram-se pelo estilo quando faziam o CD "Señor Coconut FM". "É uma compilação de música latino-americana, que tem muito funk carioca, cumbia argentina e reggaeton, que era o que mais nos divertia."
Para fazer o que o chileno chama de "acid reggaeton", os dois dispensaram computadores e toca-discos e resgataram equipamentos analógicos, como os utilizados pelos ingleses do 808 State, grupo pioneiro do acid house, que são programados em "tempo real".
Ao vivo, o duo manipula a parafernália, que é a mesma utilizada no estúdio para o primeiro disco do Surtek Collectiv, que sairá em janeiro de 2007. O CD terá a participação de cantores como Jorge Gonzalez, da banda de rock chilena Los Prisioneros, e de Peter Rat, estrela do reggaeton em Porto Rico.
Sanfuentes avisa, no entanto, que o show nada tem a ver com o álbum. "É muito diferente. Tratamos de que ao vivo seja sempre melhor do que o disco."

Velha-guarda
A aventura da dupla pela eletrônica não é recente. Uwe Schmidt é mais conhecido por seus projetos Señor Coconut, com o qual regravou músicas do Kraftwerk em versões latinas, e a banda Flanger, de jazz eletrônico -ele já se apresentou com ambos no Brasil.
Apesar de ser um nome menos conhecido por essas praças, Sanfuentes tem álbuns de eletrônica experimental lançados pelo selo Tigerbeat 6, sob o codinome Original Hamster.
Agora, com o Surtek Collective, querem revolucionar o reggaeton. "O reggaeton hoje está muito estagnado. Os produtores continuam usando os mesmos sons, falando sobre o bairro etc", acredita Sanfuentes. Isso porque, defende ele, os músicos porto-riquenhos se associaram aos rappers, que "fazem a mesma coisa há 30 anos". "Não me importo se o que fazemos é melhor ou pior, mas pelo menos não estamos fazendo o mesmo que todo mundo."

SURTEK COLLECTIV
Quando:
hoje, a partir das 23h
Onde: Vegas (r. Augusta, 765, Consolação, tel. 3231-3705)
Quanto: R$ 35


Texto Anterior: Lanterninha
Próximo Texto: Reggaeton é sucesso no mundo inteiro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.