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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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DANÇA

Em turnê pelo Brasil, companhia dinamarquesa de 247 anos traz sete coreografias, entre elas a tradicional "Napoli"

Balé Real flutua entre clássico e moderno

KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um das companhias de dança mais antigas do mundo, o Balé Real da Dinamarca, que tem 247 anos, mostra seus mais tradicionais e também modernos passos hoje e amanhã no teatro Alfa.
O grupo está pela quarta vez no Brasil e apresenta sete coreografias, entre elas o terceiro ato do clássico de repertório "Napoli".
Leia a seguir trechos da entrevista que o diretor da companhia, o dinamarquês Peter Bo Bendixen, 38, concedeu à Folha.
 

Folha - Qual é o segredo para um grupo de dança durar 247 anos?
Peter Bo Bendixen -
Tradição aliada à busca de novas coreografias ao redor do mundo e também à disciplina para o trabalho, principalmente quando se dança August Bournonville [1760-1843], que é um dos estilos mais difíceis de serem executados.

Folha - Como é a técnica dos bailarinos do Balé Real da Dinamarca comparada à de outros do mundo?
Bendixen -
Quando um bailarino dinamarquês dança, mesmo em meio a outros, é fácil identificá-lo pela movimentação dos pés.

Folha - Em 2000, o sr. declarou que a companhia recuperava a força de seus tempos áureos. Como está o grupo atualmente?
Bendixen -
O balé é como o futebol, tem épocas em que os países ou os times estão no auge da sua performance, agregando novos e irreverentes talentos, e em outras épocas isso não acontece. Nesse momento, nossa equipe está no auge dos resultados positivos e do sucesso. O talento dos bailarinos é fantástico.

Folha - Que legado deixou August Bournonville, considerado o pai do balé na Dinamarca?
Bendixen -
O senso de drama, a forte história enraizada. Bournonville é um coreógrafo maravilhoso, que está presente nas melhores companhias de balé do mundo. Mesmo hoje em dia está na moda dançar sua obras.

Folha - Qual é a relação da política com a companhia?
Bendixen -
O governo dinamarquês mantém o Teatro Real da Dinamarca e o Balé Real. Com esse complexo cultural/artístico, são gastos cerca de US$ 15 milhões por ano. Temos casa lotada em todas as apresentações.

Folha - Três das coreografias que serão apresentadas neste ano no Brasil foram exibidas em 2000. Por que mostrá-las novamente?
Bendixen -
Porque as peças ["Napoli", "The Wish" e "Triplex"] , além de serem sempre sucesso onde são apresentadas, possuem uma música muito bonita. Sabemos que o Brasil é um país musical.

Folha - O repertório da companhia mescla obras clássicas e contemporâneas. Como se dá essa "divisão de tarefas" no dia-a-dia?
Bendixen -
Nós temos sete salões para treinos, temos folga apenas aos domingos e apresentações três vezes por semana. Ensaiamos os clássicos pela manhã, as peças em cartaz à tarde e os solos mais para o fim da tarde.

Folha - Um bailarino do Balé Real da Dinamarca tem salário equiparado a que tipo de profissional em seu país?
Bendixen -
Ao de um profissional graduado em uma universidade, como um dentista ou engenheiro.

Folha - O que acha dos bailarinos brasileiros? Quais são os mais conhecidos na Dinamarca?
Bendixen -
O grupo Corpo é bem conhecido e apreciado. Eu já assisti a seis vídeos deles e gosto muito. Creio que nós conhecemos apenas danças populares que são apresentadas com bandas de música brasileira que fazem turnê pela Europa. Também conheço a Ana Botafogo e admiro muito o trabalho dela.

Folha - Quais são os coreógrafos dinamarqueses mais destacados do momento?
Bendixen -
Peter Martins, que é coreógrafo do New York City Ballet, e Kim Brandstrup, do Royal Ballet. Há dois coreógrafos que trabalham na Dinamarca e, apesar de não serem dinamarqueses, são os dois de maior sucesso nesse momento: Tim Hushton e Alexei Ratmansky.


BALÉ REAL DA DINAMARCA. Quando: hoje, às 18h; amanhã, às 21h. Onde: teatro Alfa Real (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, SP, tel. 5693-4000). De R$ 30 a R$ 80. Dias 24 e 25/6, em Porto Alegre; 28/6, em Santa Catarina; 2 e 4/7, em Manaus; 7/7, em Recife.


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