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DANÇA
Em turnê pelo Brasil, companhia dinamarquesa de 247 anos traz sete coreografias, entre elas a tradicional "Napoli"
Balé Real flutua entre clássico e moderno
KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um das companhias de dança
mais antigas do mundo, o Balé
Real da Dinamarca, que tem 247
anos, mostra seus mais tradicionais e também modernos passos
hoje e amanhã no teatro Alfa.
O grupo está pela quarta vez no
Brasil e apresenta sete coreografias, entre elas o terceiro ato do
clássico de repertório "Napoli".
Leia a seguir trechos da entrevista que o diretor da companhia,
o dinamarquês Peter Bo Bendixen, 38, concedeu à Folha.
Folha - Qual é o segredo para um
grupo de dança durar 247 anos?
Peter Bo Bendixen - Tradição
aliada à busca de novas coreografias ao redor do mundo e também
à disciplina para o trabalho, principalmente quando se dança August Bournonville [1760-1843],
que é um dos estilos mais difíceis
de serem executados.
Folha - Como é a técnica dos bailarinos do Balé Real da Dinamarca
comparada à de outros do mundo?
Bendixen - Quando um bailarino dinamarquês dança, mesmo
em meio a outros, é fácil identificá-lo pela movimentação dos pés.
Folha - Em 2000, o sr. declarou
que a companhia recuperava a força de seus tempos áureos. Como está o grupo atualmente?
Bendixen - O balé é como o futebol, tem épocas em que os países
ou os times estão no auge da sua
performance, agregando novos e
irreverentes talentos, e em outras
épocas isso não acontece. Nesse
momento, nossa equipe está no
auge dos resultados positivos e do
sucesso. O talento dos bailarinos é
fantástico.
Folha - Que legado deixou August
Bournonville, considerado o pai do
balé na Dinamarca?
Bendixen - O senso de drama, a
forte história enraizada. Bournonville é um coreógrafo maravilhoso, que está presente nas melhores companhias de balé do
mundo. Mesmo hoje em dia está
na moda dançar sua obras.
Folha - Qual é a relação da política com a companhia?
Bendixen - O governo dinamarquês mantém o Teatro Real da Dinamarca e o Balé Real. Com esse
complexo cultural/artístico, são
gastos cerca de US$ 15 milhões
por ano. Temos casa lotada em todas as apresentações.
Folha - Três das coreografias que
serão apresentadas neste ano no
Brasil foram exibidas em 2000. Por
que mostrá-las novamente?
Bendixen - Porque as peças
["Napoli", "The Wish" e "Triplex"] , além de serem sempre sucesso onde são apresentadas, possuem uma música muito bonita.
Sabemos que o Brasil é um país
musical.
Folha - O repertório da companhia mescla obras clássicas e contemporâneas. Como se dá essa "divisão de tarefas" no dia-a-dia?
Bendixen - Nós temos sete salões
para treinos, temos folga apenas
aos domingos e apresentações
três vezes por semana. Ensaiamos
os clássicos pela manhã, as peças
em cartaz à tarde e os solos mais
para o fim da tarde.
Folha - Um bailarino do Balé Real
da Dinamarca tem salário equiparado a que tipo de profissional em
seu país?
Bendixen - Ao de um profissional graduado em uma universidade, como um dentista ou engenheiro.
Folha - O que acha dos bailarinos
brasileiros? Quais são os mais conhecidos na Dinamarca?
Bendixen - O grupo Corpo é bem
conhecido e apreciado. Eu já assisti a seis vídeos deles e gosto
muito. Creio que nós conhecemos apenas danças populares que
são apresentadas com bandas de
música brasileira que fazem turnê
pela Europa. Também conheço a
Ana Botafogo e admiro muito o
trabalho dela.
Folha - Quais são os coreógrafos
dinamarqueses mais destacados
do momento?
Bendixen - Peter Martins, que é
coreógrafo do New York City Ballet, e Kim Brandstrup, do Royal
Ballet. Há dois coreógrafos que
trabalham na Dinamarca e, apesar de não serem dinamarqueses,
são os dois de maior sucesso nesse
momento: Tim Hushton e Alexei
Ratmansky.
BALÉ REAL DA DINAMARCA. Quando:
hoje, às 18h; amanhã, às 21h. Onde:
teatro Alfa Real (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, SP, tel. 5693-4000).
De R$ 30 a R$ 80. Dias 24 e 25/6, em Porto
Alegre; 28/6, em Santa Catarina; 2 e 4/7,
em Manaus; 7/7, em Recife.
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