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ANÁLISE
Retrospectiva é uma experiência delirante na vida de um cinéfilo
CRÍTICO DA FOLHA
A assessoria do CCBB informa que não há no Brasil
uma cópia sequer em película de filmes de John Ford.
Isso é um crime. E torna a
retrospectiva do cineasta,
que começa hoje e vai exibir
36 filmes de Ford, todos em
película, um dos grandes
acontecimentos cinematográficos do ano.
Doze filmes serão exibidos
em cópias restauradas, incluindo "Rastros de Ódio"
(1956), "Como Era Verde o
Meu Vale" (1941) e "No Tem
po das Diligências" (1939).
A mostra, que depois vai
para Brasília e Rio de Janeiro,
exibe ainda o ótimo documentário "Directed by John
Ford", de Peter Bogdanovich, que traz impagável entrevista com o cineasta.
Poucas coisas são tão delirantes na vida de um cinéfilo
quanto ver John Ford no cinema. Se algum diretor merece a tela grande, é ele.
Ford filmou por quase 50
anos. De "The Tornado", em
1917, a "Sete Mulheres"
(1966), dirigiu quase 150 filmes e ajudou a definir o cinema como arte.
Ele filmou épicos históricos, faroestes, filmes de guerra, dramas sobre imigração e
a Grande Depressão. Sua
obra traçou um panorama da
história dos Estados Unidos e
do cinema de Hollywood,
desde os filmes silenciosos.
Ford sempre foi um populista e um sentimental. Fez
filmes de forte apelo popular,
marcados principalmente
por uma nostalgia pelos "velhos tempos".
Seu estilo visual, de um rigor estético absoluto e imagens grandiosas e de alto impacto, influenciou todo o cinema. Suas longas parcerias
com Henry Fonda (1905-1982) e John Wayne (1907-1979) marcaram época.
Entre os destaques da
mostra estão filmes do início
da carreira de Ford, como
"Bucking Broadway" (1917) e
"O Último Cartucho" (1917).
Outro destaque é a "Trilogia da Cavalaria", com "Sangue de Herói" (1948), "Legião
Invencível" (1949) e "Rio
Grande" (1950), com John
Wayne, que serão exibidos
numa sessão tripla.
Mesmo para quem já conhece a obra de Ford, a mostra é uma chance raríssima
de ver clássicos como "Rastros de Ódio", "As Vinhas da
Ira" (1940) e "O Homem que
Matou o Facínora" (1962) em
uma sala de cinema.
Se não bastasse, o CCBB
organizou também um "Curso John Ford". Serão quatro
módulos, às quintas e sextas,
com entrada franca, que analisarão a obra do diretor, suas
influências e seu legado.
(ANDRÉ BARCINSKI)
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