São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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ANÁLISE

Retrospectiva é uma experiência delirante na vida de um cinéfilo

CRÍTICO DA FOLHA

A assessoria do CCBB informa que não há no Brasil uma cópia sequer em película de filmes de John Ford.
Isso é um crime. E torna a retrospectiva do cineasta, que começa hoje e vai exibir 36 filmes de Ford, todos em película, um dos grandes acontecimentos cinematográficos do ano.
Doze filmes serão exibidos em cópias restauradas, incluindo "Rastros de Ódio" (1956), "Como Era Verde o Meu Vale" (1941) e "No Tem po das Diligências" (1939).
A mostra, que depois vai para Brasília e Rio de Janeiro, exibe ainda o ótimo documentário "Directed by John Ford", de Peter Bogdanovich, que traz impagável entrevista com o cineasta.
Poucas coisas são tão delirantes na vida de um cinéfilo quanto ver John Ford no cinema. Se algum diretor merece a tela grande, é ele.
Ford filmou por quase 50 anos. De "The Tornado", em 1917, a "Sete Mulheres" (1966), dirigiu quase 150 filmes e ajudou a definir o cinema como arte.
Ele filmou épicos históricos, faroestes, filmes de guerra, dramas sobre imigração e a Grande Depressão. Sua obra traçou um panorama da história dos Estados Unidos e do cinema de Hollywood, desde os filmes silenciosos.
Ford sempre foi um populista e um sentimental. Fez filmes de forte apelo popular, marcados principalmente por uma nostalgia pelos "velhos tempos".
Seu estilo visual, de um rigor estético absoluto e imagens grandiosas e de alto impacto, influenciou todo o cinema. Suas longas parcerias com Henry Fonda (1905-1982) e John Wayne (1907-1979) marcaram época.
Entre os destaques da mostra estão filmes do início da carreira de Ford, como "Bucking Broadway" (1917) e "O Último Cartucho" (1917).
Outro destaque é a "Trilogia da Cavalaria", com "Sangue de Herói" (1948), "Legião Invencível" (1949) e "Rio Grande" (1950), com John Wayne, que serão exibidos numa sessão tripla.
Mesmo para quem já conhece a obra de Ford, a mostra é uma chance raríssima de ver clássicos como "Rastros de Ódio", "As Vinhas da Ira" (1940) e "O Homem que Matou o Facínora" (1962) em uma sala de cinema.
Se não bastasse, o CCBB organizou também um "Curso John Ford". Serão quatro módulos, às quintas e sextas, com entrada franca, que analisarão a obra do diretor, suas influências e seu legado.
(ANDRÉ BARCINSKI)


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