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Crítica/ "Astro Boy"
Desenho animado de estilo retrô tem bom humor e referência a vários filmes
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Adaptação de um famoso
personagem japonês de
mangá que virou série
de TV nos anos 60, o desenho
animado "Astro Boy" é uma
boa surpresa, que pode ser
apreciado por pais e filhos.
Embora longe de ser uma superprodução como as da Pixar,
o filme tem um estilo visual retrô e elegante, além de bom humor e um certo encanto, que
faltaram a alguns recentes lançamentos infantis, como o badalado "Alvin e os Esquilos 2".
A trama futurista mistura
"Pinóquio" e "Frankenstein": o
menino Toby mora em Metro
City, uma cidade que flutua no
espaço e onde robôs existem
apenas para servir aos humanos. Toby tem um futuro brilhante: é o melhor aluno da
classe e filho do genial Dr. Tenma, um cientista especializado
em construir robôs de última
geração.
A história vira uma tragédia
quando Toby morre durante
um teste conduzido por seu pai.
Arrasado, o cientista resolve
criar uma versão robótica do filho, transferindo para um clone
metálico todos os sentimentos
e memórias do menino. O Dr.
Tenma cria Astro Boy, o robô
perfeito, capaz de voar e dono
de uma força incrível.
O filme consegue, com bom
humor e inteligência, tratar de
temas complexos como a morte, a luta de classes e o preconceito. Astro Boy acaba expulso
da cidade pelo temido Presidente Stone, um reacionário
obcecado com poderio militar,
e vai parar na Terra, que a essa
altura só serve como depósito
de lixo. Lá -ou melhor, aqui-
encontra uma sociedade paralela, formada por robôs e humanos descartados pelo "primeiro mundo" de Metro City.
"Astro Boy" faz alusão a diversos outros filmes: a cidade
flutuante é uma óbvia referência a "Wall-E". Há uma engraçada batalha de robôs, que imita "Gladiador", e uma inesperada alusão a "Freaks" (1932), um
clássico dirigido por Tod Browning (de "Drácula", com Bela
Lugosi), sobre aberrações circenses que se unem para vingar
um colega. Qualquer filme que
tire o chapéu para "Freaks" já
merece ser visto.
Avaliação: bom
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