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Otília Arantes lança amanhã obra que compila ensaios sobre o colapso da arquitetura moderna no país
Livro aborda produção contemporânea
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
O projeto da arquitetura moderna, capitaneado no Brasil por nomes como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Gregori Warchavchik e Lucio Costa, chegou ao
seu final.
É esse o fio condutor que determina o discurso da professora Otília Arantes em "Urbanismo em
Fim de Linha e Outros Estudos sobre o Colapso da Modernização
Arquitetônica" (editora Edusp).
O livro tem lançamento previsto
para amanhã, a partir das 19h, na
livraria Duas Cidades.
O livro -uma compilação de
textos, geralmente proferidos em
conferências ou publicados em revistas- não é para iniciantes.
O tema é árido e tratado com erudição em textos que relacionam o
desenvolvimento da arquitetura
moderna com a história da arte e
da filosofia.
A arquitetura moderna instala-se no país, onde encontra um terreno insolitamente fértil para o seu
desenvolvimento, a partir dos
anos 30, como uma estratégia do
então presidente Getúlio Vargas
para a modernização do país.
"O desenvolvimento dessa arquitetura tem uma conotação propagandística e monumental. O
Brasil não tem, na época, os pressupostos materiais para esse desenvolvimento, que pressupunha
um capitalismo avançado, com
grande desenvolvimento técnico.
Ela surgiu na Europa em um período de industrialização, mas aqui
ela foi desenvolvimentista antes de
seu tempo", disse Otília.
A insólita fertilidade do solo brasileiro para o crescimento da arquitetura moderna se deve, segundo a autora, ao patrocínio desse
Estado forte, que forçou assim um
protodesenvolvimentismo no país
e usou a arquitetura como cartão
de visita.
Mas esse projeto moderno se esgotou, pois não correspondeu
mais às exigências de sua época.
"Na origem, o arquitetura moderna tinha um compromisso com
uma realidade histórica, um projeto social que se esvaziou e se transformou em um estilo", disse.
Esse compromisso, porém, não
era social, mas econômico e, mesmo na Europa, respondia às exigências industriais do país.
Pós-moderno
Otília Arantes questiona ainda
uma suposta ruptura provocada
pela arquitetura pós-modernista,
pois o mundo não passou por nenhuma mudança econômica fundamental.
"Não existe ruptura pois ainda
estamos sob o mesmo modelo capitalista", disse.
O volume fica a dever, porém, em
seu aspecto iconográfico, devido à
péssima qualidade das fotografias,
geralmente reproduzidas de jornais e revistas.
Evento: lançamento do livro Urbanismo em
Fim de Linha
Autora: Otília Arantes
Editora: Edusp
Onde: livraria Duas Cidades (r. Bento Freitas,
158, tel. 220-5134, Centro)
Quando: amanhã, às 19h
Quanto: R$ 30 (224 págs.)
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