São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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Otília Arantes lança amanhã obra que compila ensaios sobre o colapso da arquitetura moderna no país
Livro aborda produção contemporânea

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

O projeto da arquitetura moderna, capitaneado no Brasil por nomes como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Gregori Warchavchik e Lucio Costa, chegou ao seu final.
É esse o fio condutor que determina o discurso da professora Otília Arantes em "Urbanismo em Fim de Linha e Outros Estudos sobre o Colapso da Modernização Arquitetônica" (editora Edusp).
O livro tem lançamento previsto para amanhã, a partir das 19h, na livraria Duas Cidades.
O livro -uma compilação de textos, geralmente proferidos em conferências ou publicados em revistas- não é para iniciantes.
O tema é árido e tratado com erudição em textos que relacionam o desenvolvimento da arquitetura moderna com a história da arte e da filosofia.
A arquitetura moderna instala-se no país, onde encontra um terreno insolitamente fértil para o seu desenvolvimento, a partir dos anos 30, como uma estratégia do então presidente Getúlio Vargas para a modernização do país.
"O desenvolvimento dessa arquitetura tem uma conotação propagandística e monumental. O Brasil não tem, na época, os pressupostos materiais para esse desenvolvimento, que pressupunha um capitalismo avançado, com grande desenvolvimento técnico. Ela surgiu na Europa em um período de industrialização, mas aqui ela foi desenvolvimentista antes de seu tempo", disse Otília.
A insólita fertilidade do solo brasileiro para o crescimento da arquitetura moderna se deve, segundo a autora, ao patrocínio desse Estado forte, que forçou assim um protodesenvolvimentismo no país e usou a arquitetura como cartão de visita.
Mas esse projeto moderno se esgotou, pois não correspondeu mais às exigências de sua época. "Na origem, o arquitetura moderna tinha um compromisso com uma realidade histórica, um projeto social que se esvaziou e se transformou em um estilo", disse.
Esse compromisso, porém, não era social, mas econômico e, mesmo na Europa, respondia às exigências industriais do país.

Pós-moderno
Otília Arantes questiona ainda uma suposta ruptura provocada pela arquitetura pós-modernista, pois o mundo não passou por nenhuma mudança econômica fundamental.
"Não existe ruptura pois ainda estamos sob o mesmo modelo capitalista", disse.
O volume fica a dever, porém, em seu aspecto iconográfico, devido à péssima qualidade das fotografias, geralmente reproduzidas de jornais e revistas.

Evento: lançamento do livro Urbanismo em Fim de Linha Autora: Otília Arantes Editora: Edusp Onde: livraria Duas Cidades (r. Bento Freitas, 158, tel. 220-5134, Centro) Quando: amanhã, às 19h Quanto: R$ 30 (224 págs.)


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