São Paulo, sábado, 23 de abril de 2005

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MÚSICA

No Dia Nacional do Choro, compositor Waldir Azevedo é relembrado com shows e lançamento de livro no CCSP

Autor de "Brasileirinho" ganha biografia

Arquivo pessoal/Olinda Barboza Azevedo
O cavaquinista Waldir Azevedo, autor de "Brasileirinho" e "Delicado", que ganha biografia


JANAINA FIDALGO
DA REDAÇÃO

O virtuosismo que fez de Waldir Azevedo um dos músicos instrumentais brasileiros de maior sucesso comercial é relembrado hoje, Dia Nacional do Choro, com o lançamento de "Waldir Azevedo -°Um Cavaquinho na História" (ed. Irmãos Vitale; R$ 49). A biografia, escrita pelo pianista Marco Antonio Bernardo, 40, é a segunda da série "Os Últimos Chorões Históricos" -a primeira foi a do clarinetista Nabor Pires Camargo.
Para marcar o lançamento do livro, uma roda de choro acontece hoje e amanhã no Centro Cultural São Paulo. O grupo Izaías e Seus Chorões, os cavaquinistas Canhotinho (Demônios da Garoa) e Armandinho Araújo e o flautista Renato Camargo, além do próprio autor do livro, se revezam para mostrar os choros mais conhecidos do compositor -morto há 25 anos, completados neste ano.
"O Waldir levou anos para chegar ao cavaquinho [começou tocando flauta e violão], ele era musicalmente inquieto. Não levava a vocação a sério até que a música falou mais alto", conta Bernardo.
Os dedos ágeis de Azevedo podiam tanto dançar sobre as cordas simples do cavaquinho para produzir os andamentos acelerados da inquieta "Brasileirinho", quanto se acalmar para entrelaçar as minúcias de "Pedacinhos do Céu" ou recorrer à marcação do baião para fazer seu "Delicado".
"Ele contribuiu para que o cavaquinho saísse da condição de um instrumento relegado a um plano inferior de acompanhamento, que não tinha a pecha de instrumento solista. De um pedaço de madeira com quatro arames esticados, o que ele conseguiu fazer foi uma coisa extraordinária, tamanha a quantidade de efeitos que conseguia", explica.
Nascido no bairro da Piedade, no subúrbio do Rio de Janeiro, Azevedo teve uma vida cheia de altos e baixos. Aos sete anos começou a tocar flauta, passou pelo bandolim, pelo violão e pelo cavaquinho. Autor de mais de 150 composições, foi com "Brasileirinho", lançada no final de 1949, que veio o sucesso. Excursionou por Europa, Japão e Estados Unidos. Em 1974, perdeu a esperança de seguir tocando, quando, ao se acidentar com um cortador de grama, perdeu a falange de seu dedo anular esquerdo -depois reimplantado com sucesso.

Show de lançamento de "Waldir Azevedo - Um Cavaquinho na História"
Quando:
hoje, às 19h, e amanhã, às 18h
Onde: Centro Cultural São Paulo - sala Adoniran Barbosa (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277-3611)
Quanto: R$ 10


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