São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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CRÍTICA ANIMAÇÃO

"Carros 2" parece feito para vender produtos

Apesar do habitual esmero técnico, produtora Pixar decepciona com longa-metragem banal e trama previsível


A AÇÃO É TÃO FRENÉTICA QUE PARECE DIRIGIDA POR MICHAEL BAY, DE "TRANSFORMERS"


Fotos Divulgação
Os personagens Francesco Bernoulli e Relâmpago McQueen em "Carros 2"

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Demorou. Foram necessários 25 anos, 11 longas e 20 curtas para que a Pixar fizesse um filme ruim. Mas, com "Carros 2", a melhor produtora de animação da história finalmente conseguiu.
Ruim talvez seja um adjetivo severo demais. "Carros 2" é sobretudo banal. Um filme que tenta disfarçar a falta de ideias novas com o excesso de ação, de tramas, de personagens. E que deixa a impressão de ter sido feito para vender produtos de merchandising.
Algo que não se espera da Pixar e menos ainda de um trabalho comandado por John Lasseter, o maestro da produtora e diretor do "Carros" (2006) e do "Toy Story" (1995) originais.
A despeito do sucesso entre meninos, o primeiro "Carros" já era um ponto fora da curva da Pixar. Em uma produtora que sempre buscou um olhar crítico para a sociedade de consumo, o filme reforçava o fascínio pelo automóvel, símbolo maior do "american way of life", o modo de vida americano.
Mas, de certa forma, a mancada era compensada pela competência da Pixar em oferecer uma história criativa e personagens carismáticos, como o carro de corrida Relâmpago McQueen e o guincho Mate.

DESENCANTO
No segundo filme, o encanto pelos carros permanece (embora exista uma mal ajambrada mensagem ecologicamente correta, a favor de combustíveis renováveis). Só que, desta vez, não há o contraponto.
"Carros 2" não acrescenta novas camadas aos personagens -como ocorre, por exemplo, na série "Toy Story". E a trama é bastante previsível, apesar da tentativa de emular os filmes de James Bond.
Enquanto McQueen (Owen Wilson) participa das corridas do World Grand Prix, criado para promover um combustível "ecológico", Mate (Larry the Cable Guy) se envolve em uma trama de espionagem, ao lado do agente secreto britânico Finn McMissile (Michael Caine).
Embora o filme tenha o esmero técnico da Pixar, a ação é tão frenética -e, ao mesmo tempo, tão genérica- que, por vezes, o desenho parece ter sido dirigido por Michael Bay, de "Transformers".
Como pano de fundo, "Carros 2" traz uma defesa da aceitação das diferenças e do valor da amizade (no caso, entre McQueen e Mate). Mas mesmo essa nobre mensagem parece evidente demais, quando comparada à sutileza adotada nos outros filmes da Pixar.

CARROS 2

DIREÇÃO Brad Lewis e John Lasseter
PRODUÇÃO EUA, 2011
COM Owen Wilson, Michael Caine e John Turturro
ONDE estreia amanhã nos cines Frei Caneca, Iguatemi e circuito CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ruim


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