São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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CRÍTICA COMÉDIA

Grandes atores amenizam erros e excessos de "Potiche"


NO TODO, O FILME NÃO FUNCIONA. [...] HÁ INÚMERAS CENAS QUE NÃO FICARIAM FORA DE LUGAR EM "SAI DE BAIXO"


ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Ver grandes atores se comportando como crianças parece agradar o público.
Talvez isso, de certa forma, legitime para o espectador um comportamento que, em outros intérpretes, poderia ser considerado caricato ou exagerado. Quem não se lembra de Fernanda Montenegro e Paulo Autran fazendo guerra de tortas?
"Potiche: Esposa Troféu", do francês François Ozon, é uma espécie de homenagem a um tipo de comédia de costumes que foi absorvida pelo humorismo televisivo.
De fato, o filme parece uma versão estendida de alguma série cômica de TV. Só faltam as risadas enlatadas. A história se passa em 1977. Suzanne Pujol (Catherine Deneuve) é a "potiche" do título. "Potiche", em francês, significa não só "vaso" mas também uma mulher decorativa, que existe apenas para dizer "sim" a tudo o que o marido diz.
No caso, Robert Pujol (Fabrice Luchini), um rico empresário do ramo de guarda-chuvas que comanda a fábrica com tanta aspereza e mau humor que é chamado de "Hitler" pelos funcionários. Robert tem um caso com a secretária e trata a esposa como um capacho.
Suzanne vive a típica vida vazia da dona de casa rica: faz seu "cooper" matinal num bosque, escreve poesias que ninguém lê e conversa amenidades com a filha (Judith Godrèche) e o filho (Jérémie Renier).

CONTO SETENTISTA
Até que uma greve de funcionários na tal fábrica leva Robert a uma crise de saúde e obriga Suzanne a assumir a direção da empresa.
Como num passe de mágica, a mulher sensível, forte e sedutora renasce, contando com uma mãozinha de Babin (Gérard Depardieu), um líder sindical com quem ela teve um romance anos antes.
O filme todo tem cores exageradas, muito vermelho e laranja, buscando um visual meio onírico, quase um conto de fadas setentista. Ozon abusa de músicas românticas e cafonas para realçar o clima kitsch da empreitada.
No todo, o filme não funciona. Os diálogos e situações são caricatos e sem graça. Os personagens são estereotipados, parecem feitos de cartolina. Há inúmeras cenas que não ficariam fora de lugar em um episódio de "Sai de Baixo", incluindo brigas e pessoas que desmaiam.
Não poderia faltar, claro, a cena em que Suzanne e Babin dançam numa discoteca, interpretando uma coreografia que parece ter saído de "Os Embalos de Sábado à Noite". Alguns podem achar divertido. Afinal, aos grandes, quase tudo é perdoado.

POTICHE: ESPOSA TROFÉU

DIREÇÃO François Ozon
PRODUÇÃO França, 2010
COM Catherine Deneuve, Gerard Depardieu e Fabrice Luchini
ONDE estreia amanhã nos cines Bristol, Cidade Jardim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ruim


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