São Paulo, quinta, 23 de julho de 1998

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Rituais têm conotação política

especial para a Folha

O mosteiro de Shetchen, onde vivem os monges dançarinos que participam do 16º FIAC, foi fundado em 1735, na região leste do Tibete.
Destruído durante a invasão chinesa, foi reconstruído no Nepal, onde funciona até hoje como uma instituição exilada.
Desde 1995, quando os monges do mosteiro se apresentaram pela primeira vez no Ocidente, em turnê pela França, Suíça e Bélgica, seus rituais dançados ganharam também uma conotação política, devido à dramática situação do Tibete.
Situado no sudoeste da China, o Tibete viveu sob domínio chinês de 1720 a 1912, quando tornou-se Estado soberano.
Em 1949, ocorreu a primeira invasão do Tibete pela China, que passou a ocupar violentamente o país a partir de 1959. Foi quando o Dalai Lama, líder espiritual budista, chefe do governo tibetano e Prêmio Nobel da Paz em 1989, se exilou em Dharansala, Índia.
Nesse processo de ocupação, estima-se que os chineses já assassinaram mais de um milhão de tibetanos.
Também os monastérios vêm sendo destruídos: dos 6.000 existentes na década de 50, hoje restam cerca de uma dezena, daí o risco de desaparecimento das danças sagradas e da cultura tibetana.
Além de não respeitar a liberdade de religião, as autoridades da China comunista têm estimulado a transferência da população chinesa para o Tibete. Com isso, somaram-se sete milhões e meio de chineses à população tibetana, de aproximadamente seis milhões.
Segundo o Comitê Brasileiro de Apoio ao Tibete, que planeja trazer o Dalai Lama ao Brasil em 1999, existe na China um projeto político que pretende estimular a mudança de 100 milhões de chineses para o território tibetano nos próximos 30 anos.
Ao declarar o chinês como idioma oficial, a China tem procurado eliminar o ensino em tibetano nas escolas.
"Os chineses também acreditam que destruirão o budismo, porque sabem que é o coração da cultura tibetana e que sua prática mantém a unidade do povo do Tibete", diz o monge Mathieu Ricard.
Há 15 anos, o Dalai Lama propõe uma política de diálogo e não-violência que, segundo Ricard, é a grande esperança dos tibetanos. (AFP)



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