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Rituais têm conotação política
especial para a Folha
O mosteiro de Shetchen, onde vivem os monges dançarinos que participam do 16º
FIAC, foi fundado em 1735, na
região leste do Tibete.
Destruído durante a invasão
chinesa, foi reconstruído no
Nepal, onde funciona até hoje
como uma instituição exilada.
Desde 1995, quando os monges do mosteiro se apresentaram pela primeira vez no Ocidente, em turnê pela França,
Suíça e Bélgica, seus rituais
dançados ganharam também
uma conotação política, devido à dramática situação do Tibete.
Situado no sudoeste da China, o Tibete viveu sob domínio
chinês de 1720 a 1912, quando
tornou-se Estado soberano.
Em 1949, ocorreu a primeira
invasão do Tibete pela China,
que passou a ocupar violentamente o país a partir de 1959.
Foi quando o Dalai Lama, líder
espiritual budista, chefe do governo tibetano e Prêmio Nobel
da Paz em 1989, se exilou em
Dharansala, Índia.
Nesse processo de ocupação,
estima-se que os chineses já assassinaram mais de um milhão
de tibetanos.
Também os monastérios
vêm sendo destruídos: dos
6.000 existentes na década de
50, hoje restam cerca de uma
dezena, daí o risco de desaparecimento das danças sagradas
e da cultura tibetana.
Além de não respeitar a liberdade de religião, as autoridades da China comunista têm
estimulado a transferência da
população chinesa para o Tibete. Com isso, somaram-se sete
milhões e meio de chineses à
população tibetana, de aproximadamente seis milhões.
Segundo o Comitê Brasileiro
de Apoio ao Tibete, que planeja trazer o Dalai Lama ao Brasil
em 1999, existe na China um
projeto político que pretende
estimular a mudança de 100
milhões de chineses para o território tibetano nos próximos
30 anos.
Ao declarar o chinês como
idioma oficial, a China tem
procurado eliminar o ensino
em tibetano nas escolas.
"Os chineses também acreditam que destruirão o budismo, porque sabem que é o coração da cultura tibetana e que
sua prática mantém a unidade
do povo do Tibete", diz o
monge Mathieu Ricard.
Há 15 anos, o Dalai Lama
propõe uma política de diálogo
e não-violência que, segundo
Ricard, é a grande esperança
dos tibetanos.
(AFP)
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