São Paulo, Segunda-feira, 23 de Agosto de 1999
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O BOM DO DIA

"Juvenília" tem duas exibições hoje

Para quem quiser um soco no estômago



IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

Se você procura emoções fortes, achou. Mas atenção: se estiver apenas a fim de um programinha para passar o tempo, este não é um "O Bom do Dia" para você. Essa introdução é necessária para falarmos dos sete minutos em preto-e-branco de "Juvenília", provavelmente o filme mais violento feito no Brasil nos anos 90.
Será exibido hoje no auditório da Faap, às 11h, e no MIS, às 21h, dentro da sessão Curta Escola, do 10º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (programação e endereços à pág. 6-8 da Ilustrada).
A história é simples: meia dúzia de amigos encontram um cachorro morto e espancam o cadáver do animal, numa progressão que vai dos paus às picaretas. Ao fim, não sobram nem tripas.
A violência, como nota o diretor Paulo Sacramento, 28, "é menos o que fazem, e mais o sorriso enquanto fazem".
Sacramento fez "Juvenília", seu segundo curta, em seu último ano do curso de cinema da ECA-USP, em 94. Sua intenção era ser o mais violento possível. Conseguiu.
"Mas nunca mais dirigi um filme", diz. "Já escrevi cinco roteiros e não consigo produtor. "Juvenília" fez sucesso, mas criou um estigma. Foi meio maldito demais".
O curta é uma animação com 60 fotos em preto e branco, batidas por Marlene Bergamo, hoje repórter fotográfica da Folha. Apenas quatro delas têm efeitos de movimento feitos na edição. Durante os sete minutos, ouve-se a versão ao vivo de "A Saucerful of Secrets", do disco "Ummagumma", do Pink Floyd.
A filmagem -ou sessão de fotos- foi feita numa única manhã, no largo Senador Raul Cardoso, na Vila Clementino (zona sul), onde hoje fica a Cinemateca.
Sacramento chegou lá às 10h com os atores -todos aspirantes à cineastas, entre eles, a hoje VJ Soninha, da MTV. Às 12h30, o diretor estava na delegacia, após denúncia de um morador do largo.
"Juvenília" foi exibido no mundo todo e venceu como melhor filme no prestigiado Festival de Rimini, na Itália. Hoje, Sacramento é montador de cinema.


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