UOL


São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

Próximo Texto | Índice

MÚSICA ERUDITA

Ópera de Richard Strauss tem direção de Ana Carolina com Orquestra Sinfônica sob regência de Ira Levin

Salomé toma Municipal depois de 80 anos

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela é jovem, desejável, mimada e assumidamente pérfida. Tenta seduzir o padrasto para que ele mate o homem de quem quis ser fêmea, mas que a rejeitou. Ela é Salomé, personagem bíblico trabalhado com sutileza em peça de Oscar Wilde (1854-1900) e transformado em ópera pelo compositor Richard Strauss (1864-1949).
A ópera "Salomé" estréia amanhã no Teatro Municipal de São Paulo, em temporada de apenas cinco récitas, com a Orquestra Sinfônica Municipal sob a regência de Ira Levin e a direção cênica da também cineasta Ana Carolina ("Das Tripas Coração").
"Salomé" foi apresentada pela primeira vez na Alemanha, em 1905, provocando grande rebuliço estético e moral. Strauss descobrira como tratar musicalmente a sensualidade, mas do ângulo da perversão. A música é vulcânica. Os momentos de estridência descrevem o encontro entre a tragédia -Herodíade matou o marido para se casar com Herodes- e a dimensão quase animalesca de dois dos desejos em cena: Herodes quer o corpo de Salomé, que tem como obsessão fazer sexo com o asceta João Batista.
A enteada aceita dançar e se despir para o padrasto, desde que ele a satisfaça numa única vontade. Pede a cabeça do profeta. Herodes a traz numa bandeja de prata, decepada e ainda quente. É aquela boca de santo morto que Salomé irá finalmente beijar.
"Salomé" foi montada duas vezes em São Paulo, diz o estudioso Sérgio Casoy, a primeira em 1920 e a segunda em 1923. As duas apresentações ocorreram no Teatro Municipal, que deixaria de incluí-la em sua programação nos 80 anos seguintes.
Salomé será cantada pela soprano inglesa Morenike Fadayomi, uma voz ascendente nas cenas européias. Herodes, pelo tenor alemão Wolfgang Schmidt, de carreira wagneriana, e Herodíade, mãe de Salomé, pela meio-soprano Céline Imbert. O barítono norte-americano Donnie Ray Albert fará João Batista.


SALOMÉ. De: Richard Strauss. Com: Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência de Ira Levin e direção cênica de Ana Carolina. Quando: amanhã, dias 28 e 30, às 20h30, e dias 26 e 1º de novembro, às 17h; onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, tel. 222-8698). Quanto: de R$ 15 a R$ 100.


Próximo Texto: Para Levin, ópera foge do "provinciano"
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.