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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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Para Levin, ópera foge do "provinciano"

DA REPORTAGEM LOCAL

Ira Levin, diretor artístico do Teatro Municipal e regente da atual produção de "Salomé", diz ter escolhido a ópera de Strauss para ampliar o repertório lírico paulistano. Leia a seguir trechos de entrevista à Folha. (JBN)
 

Folha - Por que "Salomé"?
Ira Levin -
Ela é uma de minhas óperas prediletas entre as composições de Richard Strauss; é uma peça importantíssima que há três gerações os paulistanos não tinham oportunidade de ouvir. É preciso inserir São Paulo e o Teatro Municipal no repertório internacional consagrado. Seria uma pena preservarmos na cidade um perfil provinciano.

Folha - "Salomé" foi um salto importante na ópera alemã?
Levin -
Ela foi o marco fundamental de uma passagem a novas linguagens. Foi o mais escandaloso produto de seu período; chegou a ser banida de certos teatros.

Folha - A música em si também não seria chocante?
Levin -
Muitos dos músicos da nossa orquestra não conheciam essa ópera e ficaram chocados e surpresos, com os ouvidos semelhantes ao dos alemães de cem anos atrás. Foi uma das óperas mais decadentes de seu tempo.

Folha - Por que "decadente"?
Levin -
O padrasto quer transar com a enteada, esta dança e se desnuda para ele, mas em seguida beija a boca de um defunto. É algo bastante decadente.

Folha - Parece haver de um lado João Batista e do outro os demais. Por quê?
Levin -
Richard Strauss não construiu João Batista dessa forma. Ele o herdou de Oscar Wilde. Musicalmente Strauss reserva a João Batista algo mais nobre, construindo um contraste gritante com os demais personagens.

Folha - Como está sua orquestra nessa produção?
Levin -
Ela se vê desafiada. "Salomé" é bastante difícil de ser interpretada. Creio que há na leitura que eles fazem um certo frescor, difícil de ser encontrado em orquestras européias.


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