|
Texto Anterior | Índice
CINEMA
Composto por episódios, "11 de Setembro" é assinado por 11 cineastas e retrata visões sobre ataques nos EUA
Homenagem resulta em reflexões urgentes
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Ao contrário do que possa
parecer, não há oportunismo barato ou exploração da tragédia em "11 de Setembro", filme
em episódios, assinados por 11 cineastas, cuja pré-estréia aconteceu no Festival de Veneza a poucos dias do aniversário de um ano
dos ataques terroristas aos EUA.
Isso porque os cineastas, bem
escolhidos, foram capazes de oferecer respostas no mínimo interessantes ao desafio dos produtores: realizar um curta sobre os
atentados, com total liberdade de
criação, que durasse 11 minutos, 9
segundos e um "frame".
Como qualquer filme em episódios, "11 de Setembro" é irregular.
Mas o essencial está preservado
em reflexões urgentes, multifacetadas e, às vezes, contraditórias,
que abrem espaço para comédia,
experimentalismo, pensamento e
lirismo, resvalando muito poucas
vezes para a demagogia e o ressentimento.
Mira Nair recria a história real
de um muçulmano, morador de
Nova York, que desapareceu na
manhã dos ataques.
Ele entrou na lista dos principais suspeitos para, depois, ser
devidamente inocentado e transformado em um dos heróis da tragédia. Ele havia desviado o rumo
de seu trabalho para ajudar no
resgate das vítimas do terror, e
acabou morrendo.
Idrissa Oudreaogo, de Burkina
Faso, e Sean Penn, dos EUA, optaram pelo lirismo. O primeiro narra a singela história de duas crianças que imaginam ter visto Bin
Laden. Elas correm atrás dele, de
olho na recompensa. O segundo
filma um homem velho que sofre
com o luto pela morte da mulher.
Iñarritu foi chamado de sensacionalista, mas o fato é que seria
ridículo um filme sobre "11 de Setembro" sem que nenhum episódio fizesse referência direta ao
horror do atentado e à sua estúpida justificação religiosa. Seu curta
cumpre esse papel.
Os episódios menos interessantes são os do bósnio Danis Tanovic e do egípcio Youssef Chahine,
talvez por serem apressados e
evasivos demais, apagando-se no
conjunto do filme.
11 de Setembro
11'09"01 September 11
Direção: Vários
Produção: Inglaterra/França, 2002
Quando: hoje nos cines Frei Caneca
Unibanco Arteplex e Cineclube DirecTV
Texto Anterior: Crítica: Borelli provoca com duplos, tensão e peso Índice
|