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EXPOSIÇÃO
Artista exibe o que chama de "quase-desenhos"
Germana Monte-Mór contém e
expande com asfalto e papel
PAULO VIEIRA
Editor-adjunto da Ilustrada
Se uma das premissas da excelência na arte é a busca da síntese, a
artista carioca Germana Monte-Mór está na pista certa. Seus
"quase desenhos", como define e
titula seu último conjunto de imagens sobre papel manteiga, de arroz e de seda, são, à primeira vista,
contidos. Há o papel branco, às vezes amarfanhado, e uma única
mancha, necessariamente monocromática.
São pouquíssimos elementos, o
que também nada poderia significar. Mas Germana sabe dramatizar
e aprisionar nessas contenções
uma busca de expansão que leva a
um precioso paroxismo.
Vêem-se aquelas imagens
-pouca diferença faria se estivessem dispostas de cabeça para baixo
ou com seu poente invertido-, e
logo se evidencia um desconforto,
uma inadequação. Germana cria
tal efeito preenchendo o papel fino
com tinta pesada -na verdade asfalto e argila.
O papel tem dificuldade em absorver tanta densidade de matéria
e se vinca inapelavelmente. É o que
basta para termos aí uma metáfora
que resume, de certo credo, a existência (e que projeto artístico não
pretende abarcar tal questão?).
Torna-se muito lícito, doravante, pensar que a artista está alcançando, por meio de um conjunto
aparentemente despretensioso de
desenhos, uma representação bastante convincente para o Universo, para a Criação.
Exposição: Germana Monte-Mór
Onde: A.S.Studio (Al. Santos, 1787, Jardim
Paulista, tel. 253-3233)
Quando: seg a sex, 14h às 19h; sáb, 10h às
14h (até 19 de julho)
Vernissage: hoje, 20h
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