São Paulo, terça, 24 de junho de 1997.



Próximo Texto | Índice

EXPOSIÇÃO
Artista exibe o que chama de "quase-desenhos"
Germana Monte-Mór contém e expande com asfalto e papel

PAULO VIEIRA
Editor-adjunto da Ilustrada

Se uma das premissas da excelência na arte é a busca da síntese, a artista carioca Germana Monte-Mór está na pista certa. Seus "quase desenhos", como define e titula seu último conjunto de imagens sobre papel manteiga, de arroz e de seda, são, à primeira vista, contidos. Há o papel branco, às vezes amarfanhado, e uma única mancha, necessariamente monocromática.
São pouquíssimos elementos, o que também nada poderia significar. Mas Germana sabe dramatizar e aprisionar nessas contenções uma busca de expansão que leva a um precioso paroxismo.
Vêem-se aquelas imagens -pouca diferença faria se estivessem dispostas de cabeça para baixo ou com seu poente invertido-, e logo se evidencia um desconforto, uma inadequação. Germana cria tal efeito preenchendo o papel fino com tinta pesada -na verdade asfalto e argila.
O papel tem dificuldade em absorver tanta densidade de matéria e se vinca inapelavelmente. É o que basta para termos aí uma metáfora que resume, de certo credo, a existência (e que projeto artístico não pretende abarcar tal questão?).
Torna-se muito lícito, doravante, pensar que a artista está alcançando, por meio de um conjunto aparentemente despretensioso de desenhos, uma representação bastante convincente para o Universo, para a Criação.

Exposição: Germana Monte-Mór Onde: A.S.Studio (Al. Santos, 1787, Jardim Paulista, tel. 253-3233)
Quando: seg a sex, 14h às 19h; sáb, 10h às 14h (até 19 de julho)
Vernissage: hoje, 20h



Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.