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FESTA
Evento apresenta música eletrônica ao vivo
Rave na Cantareira
tem Mau Mau e Marky
DUDU MAROTE
especial para a Folha
Há dois anos e meio, o jornalista
e DJ Camilo Rocha proclamou
que 1997 seria o ano em que todos
nós passaríamos a gostar de tecno. Segundo semestre de 1999 e
muita gente ainda não captou a
mensagem. Normal, só que uma
revolução na música está acontecendo diariamente e se alastrando
de cidade em cidade. E a bola da
vez é São Paulo.
Tecno, trance, drum&bass, e
mais oitocentos mil rótulos que
inventam toda semana são os estilos da música eletrônica, o movimento que mais rápido evolui
na história da música. E o mais legal é que, quanto mais você entender ou achar que entende de
música em geral, mais difícil é para você acompanhar o que está
acontecendo. Para quem gosta e
cresceu ouvindo e pregando o velho e bom rock'n'roll então, aí só
fazendo uma lavagem cerebral e
reformatando o hard disk.
Primeiro que foi destruído o
formato musical a que estamos
acostumados: a canção. Isso significa que muda o jeito que esperamos que as coisas aconteçam
numa música: verso, refrão, solo e
o tempo que essas coisas duram.
Talvez as pessoas não saibam
mas existe um formato básico na
música pop. De um minuto a um
minuto e meio entra o primeiro
refrão, dois minutos e meio, o segundo, e assim por diante.
Na música eletrônica as coisas
demoram mais pra acontecer.
Mais do que ouvir diferente, a
pessoa tem que se preparar pra
sentir diferente. E é aí que muita
gente resiste. Eu mesmo fiquei
por muito tempo procurando
uma lógica segundo os padrões
que conhecia e nunca encontrava.
Outra característica é a ausência
de letra. E mais: como nos áureos
tempos do rock'n'roll, voltam a
existir dois momentos completamente diferentes.
Música gravada e ao vivo.
A música eletrônica ao vivo é
uma experiência revolucionária
em entretenimento. Seja feita por
um só DJ com dois toca-discos e
um mixer, por músicos com computadores e mesas de som no palco, por DJs com percussionistas,
ou sei lá o quê. Trata-se de transformação de sons.
Trata-se de mergulhar o ouvido
e deixar o som bater em todas as
partes do corpo. Trata-se de sentir
a música como nunca se sentiu
antes. O DJ não toca músicas fechadas, completas, uma depois da
outra. Usando LPs de vinil, CDs e
partes de músicas, ele compõe ao
vivo e improvisa como um grande músico de jazz. Só que numa
performance de horas.
E estar presente a uma experiência dessas é uma catarse, já
que o Brasil possui pelo menos
dois artistas desse gênero que são
verdadeiros Ronaldos e Rivaldos,
ou seja, estão entre os melhores
do mundo: Mau Mau e Marky.
Marky é pesado e seus beats são
rápidos. Os cortes são secos, afiados. Uma evolução do
drum&bass. Algo que ainda não
inventaram o nome. Mau Mau
carrega no tecno, é pesado também, mas é mais como imagens
mudando em "morphs" e fusões.
E para quem gosta de música é
obrigatório estar hoje na Rave
Turbulence, porque toda essa história vai estar reunida.
O quê: Rave Turbulence
Quando: hoje, às 23h
Onde: Sítio Cantareira Country Club
(pegar Fernão Dias sentido Mairiporã,
virar à direita na segunda loja Telha
Norte Materiais de Construção, pegar
estrada do Cabo Sul, entrar à direita na
serra, seguir 10 km pelo asfalto, passar
lombadas, virar à esquerda na estrada
dos Veigas, seguir 9 km pelo cascalho,
passar o sítio Mota à esquerda; próximo
sítio é o Cantareira - haverá placas)
Quanto: R$ 20
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