São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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FESTA
Evento apresenta música eletrônica ao vivo
Rave na Cantareira tem Mau Mau e Marky

DUDU MAROTE
especial para a Folha

Há dois anos e meio, o jornalista e DJ Camilo Rocha proclamou que 1997 seria o ano em que todos nós passaríamos a gostar de tecno. Segundo semestre de 1999 e muita gente ainda não captou a mensagem. Normal, só que uma revolução na música está acontecendo diariamente e se alastrando de cidade em cidade. E a bola da vez é São Paulo.
Tecno, trance, drum&bass, e mais oitocentos mil rótulos que inventam toda semana são os estilos da música eletrônica, o movimento que mais rápido evolui na história da música. E o mais legal é que, quanto mais você entender ou achar que entende de música em geral, mais difícil é para você acompanhar o que está acontecendo. Para quem gosta e cresceu ouvindo e pregando o velho e bom rock'n'roll então, aí só fazendo uma lavagem cerebral e reformatando o hard disk.
Primeiro que foi destruído o formato musical a que estamos acostumados: a canção. Isso significa que muda o jeito que esperamos que as coisas aconteçam numa música: verso, refrão, solo e o tempo que essas coisas duram.
Talvez as pessoas não saibam mas existe um formato básico na música pop. De um minuto a um minuto e meio entra o primeiro refrão, dois minutos e meio, o segundo, e assim por diante.
Na música eletrônica as coisas demoram mais pra acontecer. Mais do que ouvir diferente, a pessoa tem que se preparar pra sentir diferente. E é aí que muita gente resiste. Eu mesmo fiquei por muito tempo procurando uma lógica segundo os padrões que conhecia e nunca encontrava.
Outra característica é a ausência de letra. E mais: como nos áureos tempos do rock'n'roll, voltam a existir dois momentos completamente diferentes.

Música gravada e ao vivo.
A música eletrônica ao vivo é uma experiência revolucionária em entretenimento. Seja feita por um só DJ com dois toca-discos e um mixer, por músicos com computadores e mesas de som no palco, por DJs com percussionistas, ou sei lá o quê. Trata-se de transformação de sons.
Trata-se de mergulhar o ouvido e deixar o som bater em todas as partes do corpo. Trata-se de sentir a música como nunca se sentiu antes. O DJ não toca músicas fechadas, completas, uma depois da outra. Usando LPs de vinil, CDs e partes de músicas, ele compõe ao vivo e improvisa como um grande músico de jazz. Só que numa performance de horas.
E estar presente a uma experiência dessas é uma catarse, já que o Brasil possui pelo menos dois artistas desse gênero que são verdadeiros Ronaldos e Rivaldos, ou seja, estão entre os melhores do mundo: Mau Mau e Marky.
Marky é pesado e seus beats são rápidos. Os cortes são secos, afiados. Uma evolução do drum&bass. Algo que ainda não inventaram o nome. Mau Mau carrega no tecno, é pesado também, mas é mais como imagens mudando em "morphs" e fusões.
E para quem gosta de música é obrigatório estar hoje na Rave Turbulence, porque toda essa história vai estar reunida.


O quê: Rave Turbulence
Quando: hoje, às 23h
Onde: Sítio Cantareira Country Club (pegar Fernão Dias sentido Mairiporã, virar à direita na segunda loja Telha Norte Materiais de Construção, pegar estrada do Cabo Sul, entrar à direita na serra, seguir 10 km pelo asfalto, passar lombadas, virar à esquerda na estrada dos Veigas, seguir 9 km pelo cascalho, passar o sítio Mota à esquerda; próximo sítio é o Cantareira - haverá placas)
Quanto: R$ 20


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