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ANIMA MUNDI 99
Festival tem curtas de Darnell
Diretor de "AntZ"
prefere os animais
PAULO SANTOS LIMA
especial para a Folha
O Anima Mundi 99 apresenta hoje cinco
curtas-metragens de animação
gráfica dirigidas por Eric Darnell,
co-diretor de "Formiguinhaz"
("AntZ").
Formado em jornalismo, desenho e com especialização em animação gráfica, Darnell falou à Folha porque prefere desenhar animais a seres humanos. "Imagine
um espectador comparando o desenho da tela com o colega sentado ao lado", disse, horas antes de
retornar aos EUA, onde prepara
mais dois longas.
Folha - Qual a importância de
"Formiguinhaz"?
Eric Darnell - Foi um desafio.
Eu e Tim Johnson (o outro diretor) éramos ingênuos e não sabíamos o tamanho do desafio. Era
meu primeiro longa e levamos 3
anos e meio para concluí-lo.
Folha - Por que tanto tempo?
Darnell - Porque tivemos de
contratar os atores (Woody Allen,
Sharon Stone e outros) antes de
começarmos as imagens. Eles foram ótimos, sem levar seus egos
para as gravações, mas foi trabalhoso gravar tantas falas.
Folha - Você participa do processo de criação dos personagens em seus filmes?
Darnell - Sim, claro. Mas nesse
caso, eu só opinava sobre como
queria minhas formigas, pois tinha uma equipe de 180 pessoas
para fazê-las no computador.
Folha - "Formiguinhaz" parece
filmado com uma câmera. Você parece gostar do cinema
com atores.
Darnell - Sim. Os filmes de
ação e clássicos como "Blade
Runner" foram obras pontuais
em minha formação. Utilizo a
profundidade de campo de Orson Welles em meus filmes. E as
cenas de amor de "Formiguinhaz" tiveram base em "Aconteceu Naquela Noite", de Frank
Capra, por exemplo.
Folha - Você acha possível a
computação imitar a realidade? Seria possível substituir
atores por criações gráficas?
Darnell - Em princípio, sim.
Mas você já pensou como é difícil encontrar um ator de carne e
osso bom? Quanto mais criá-lo
num computador.
Folha - Os desenhos de "Formiguinhaz" são parecidos
com os de "Vida de Inseto". Isso se deve a uma uniformidade criada pelos programas
gráficos?
Darnell - Sim, creio que sim.
Mas "Vida de Inseto", filme que
gosto muito, é diferente do
meu, em que procurei afastar a
histrionice dos personagens.
Folha - Seus próximos projetos...
Darnell - Dois longas: um sobre um ogro e outro com elefantes.
Folha - Você gosta bastante
de animais, não?
Darnell - Na verdade, eu os
utilizo no enredo de meus filmes porque ficam mais convincentes quando desenhados do
que os seres humanos. Imagine
um espectador comparando o
desenho da tela com o colega
sentado ao lado. Já os animais
estão mais distantes, pois ninguém tem contato com eles.
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