São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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SHOW

Ratos de Porão, Nação Zumbi, Claustrofobia e Massacration se apresentam hoje em festival liderado pelo Sepultura

Sepulfest amplia as fronteiras do metal

Nacho Doce - 4.jun.2004/Reuters
O vocalista do Sepultura, Derrick Green, em show em Lisboa


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REDAÇÃO

A maior banda de thrash metal do Brasil -e um dos maiores sucessos musicais do país no exterior- decidiu lançar seu próprio festival. O Sepultura estréia hoje, em São Paulo, o Sepulfest, que pretende ser um evento mais amplo, em termos musicais.
Ainda que todas as bandas que se apresentam no festival estejam ligadas por um som pesado, a escalação tem suas surpresas. Menores, no caso dos punks do Ratos de Porão, liderados por João Gordo. Maiores, no caso do groove da Nação Zumbi e do metal-palhaçada do Massacration.
"A idéia era fugir do que se espera desse tipo de evento", diz Igor Cavalera, baterista do Sepultura. Mas, escalar o Massacration, banda-deboche formada pela trupe do humorístico "Hermes e Renato", da MTV, que ironiza todos os estereótipos do metal (e de seus fãs), não seria fugir demais?
"Eles têm tudo a ver com o Sepultura porque também temos ódio mortal dos metaleiros idiotas, dos radicais que não ouvem nada diferente e dos estereótipos que eles satirizam", explica Igor.
Felipe Torres, integrante do "Hermes e Renato" e baterista da banda, com a alcunha de "Jimmy Hammer", segue o raciocínio de Igor e afirma não temer reações radicais do público-alvo. "A galera curte, e temos nos apresentado com sucesso, inclusive em turnê com o Sepultura".
Mesmo debochado, o Massacration toca heavy metal tradicional (o roteiro inclui uma cover do Manowar), o que também explica em parte a boa aceitação do público. O mesmo não pode ser dito sobre o som da Nação Zumbi. "Não vejo o heavy metal como uma coisa nossa", diz Lúcio Maia, guitarrista da banda, "ainda que nosso som tenha guitarra distorcida e um certo peso".
"É uma banda de atitude, e isso o público respeita bastante. Muita gente vai ao festival para curtir um som diferente, não só o metal", diz Igor. A expectativa é a mesma do guitarrista da Nação Zumbi. "Espero que o público vá com a cabeça aberta", diz Lúcio.
O Sepulfest, planejado para 7.000 pessoas, não vai arrastar nem 10% do público que foi ver, há duas semanas, o ícone máximo do nu-metal, Linkin Park, no Morumbi. O Sepultura, com 20 anos de carreira e 10 milhões de discos vendidos no mundo todo, não liga. "O moleque que curte heavy metal de verdade não entra nesses modismos. Passamos por grunge, nu-metal e continuamos com um público cativo", afirma Igor.

SEPULFEST. Quando: hoje, a partir das 18h. Onde: Espaço das Américas (r. Tagipuru, 795, Barra Funda; tel. 3866-3000). Quanto: R$ 40 (meia-entrada com carteira de estudante ou um quilo de alimento não-perecível)


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