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TEATRO
Texto de José Rubens Siqueira com direção de Iacov Hillel aborda de modo fragmentado a vida da paranormal russa
Blavatsky "mágica" levita sobre o palco
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A personagem levita. Os móveis
dançam. E assim, com a promessa
de um "realismo mágico", nas palavras do diretor Iacov Hillel, 54,
"O Enigma Blavatsky" faz a sua
pré-estréia para convidados hoje,
no Teatro do Colégio Santa Cruz.
Inaugurando o espaço para o
público adulto, o texto de José Rubens Siqueira, 57, esquadrinha a
biografia de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), mística russa,
paranormal, iniciadora da doutrina espiritualista intitulada teosofia. Para dar conta dos mistérios do ocultismo experimentados pela protagonista, a encenação faz uso de efeitos especiais.
"O que me chama a atenção é a
modernidade de Blavatsky, que,
aos 23, 24 anos, fugiu do marido,
deu a volta ao mundo sozinha, foi
entender os fenômenos que percebia pesquisando índios no México e os hindus", diz Hillel, chamado à empreitada por Eliana
Guttman, uma das produtoras e
responsável pelo papel principal,
e com quem já havia trabalhado
em "Angels in America", entre
outras realizações.
Siqueira afirma que a vida de
madame Blavatsky lhe desperta
interesse de longa data. "Tenho
um vínculo anterior com ela, li a
sua obra quando trabalhei com
esses materiais esotéricos, nos
anos 70. Quando me chamaram
para escrever, meu impulso inicial foi dizer "não". O primeiro
contato foi difícil, paradoxal, por
um lado gostava muito de seu
conteúdo, mas achava que como
figura era esquisita, voluntariosa.
Aí achei que tinha que retomá-la e
a sensação que tive foi a mesma."
Cartas, biografias, diários, livros
(incluídos na lista "A Doutrina
Secreta") compuseram o material
manipulado pelo dramaturgo para amarrar a trama, que se pretende fracionada. "A peça não é experimental, mas fragmentada,
tem pedaços que se ligam para
contar essa busca da verdade."
A história da controversa russa
já rendeu teatro. Plínio Marcos
(1935-99) escreveu, em 1985,
"Madame Blavatsky", interpretada por Walderez de Barros.
"Não assisti a peça à época, mas
a li. Adoro Plínio Marcos. Mas
acho essa obra um pouco telegráfica. O texto é interessante, apresentando uma visão da personagem muito pessoal, aliás coerente
com a natureza do autor", diz José
Rubens Siqueira.
"Na abertura do texto, o próprio
Plínio conta que não pesquisou
muito a saga da madame, trazendo à tona antes as suas impressões. No nosso caso, há uma pesquisa biográfica mais aprofundada", declara Iacov Hillel.
A secundar "O Enigma Blavatsky", serão exibidas no saguão
fotografias dos membros da Sociedade Teosófica que são mencionados na peça, uma cópia do famoso anel de Blavatsky, além de
seu mapa astral, entre outros objetos.
(PEDRO IVO DUBRA)
O ENIGMA BLAVATSKY. Texto: José
Rubens Siqueira. Direção: Iacov Hillel.
Com: Eliana Guttman, Marat Descartes,
Lúcia Romano, Ariel Moshe, Giulio Lopes,
Bri Fiocca e Valéria Lauand. Onde: Teatro
do Colégio Santa Cruz (r. Orobó, 277, Alto
de Pinheiros, tel. 3024-5191). Quando:
pré-estréia hoje, para convidados, às
21h, e no sáb., às 21h, para o público; de
qui. a sáb., às 21h, e dom., às 20h; até
28/9. 120 min. Quanto: de R$ 25 a R$ 30.
Patrocinador: Motorola.
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