UOL


São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

Próximo Texto | Índice

TEATRO

Texto de José Rubens Siqueira com direção de Iacov Hillel aborda de modo fragmentado a vida da paranormal russa

Blavatsky "mágica" levita sobre o palco

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A personagem levita. Os móveis dançam. E assim, com a promessa de um "realismo mágico", nas palavras do diretor Iacov Hillel, 54, "O Enigma Blavatsky" faz a sua pré-estréia para convidados hoje, no Teatro do Colégio Santa Cruz.
Inaugurando o espaço para o público adulto, o texto de José Rubens Siqueira, 57, esquadrinha a biografia de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), mística russa, paranormal, iniciadora da doutrina espiritualista intitulada teosofia. Para dar conta dos mistérios do ocultismo experimentados pela protagonista, a encenação faz uso de efeitos especiais.
"O que me chama a atenção é a modernidade de Blavatsky, que, aos 23, 24 anos, fugiu do marido, deu a volta ao mundo sozinha, foi entender os fenômenos que percebia pesquisando índios no México e os hindus", diz Hillel, chamado à empreitada por Eliana Guttman, uma das produtoras e responsável pelo papel principal, e com quem já havia trabalhado em "Angels in America", entre outras realizações.
Siqueira afirma que a vida de madame Blavatsky lhe desperta interesse de longa data. "Tenho um vínculo anterior com ela, li a sua obra quando trabalhei com esses materiais esotéricos, nos anos 70. Quando me chamaram para escrever, meu impulso inicial foi dizer "não". O primeiro contato foi difícil, paradoxal, por um lado gostava muito de seu conteúdo, mas achava que como figura era esquisita, voluntariosa. Aí achei que tinha que retomá-la e a sensação que tive foi a mesma."
Cartas, biografias, diários, livros (incluídos na lista "A Doutrina Secreta") compuseram o material manipulado pelo dramaturgo para amarrar a trama, que se pretende fracionada. "A peça não é experimental, mas fragmentada, tem pedaços que se ligam para contar essa busca da verdade."
A história da controversa russa já rendeu teatro. Plínio Marcos (1935-99) escreveu, em 1985, "Madame Blavatsky", interpretada por Walderez de Barros.
"Não assisti a peça à época, mas a li. Adoro Plínio Marcos. Mas acho essa obra um pouco telegráfica. O texto é interessante, apresentando uma visão da personagem muito pessoal, aliás coerente com a natureza do autor", diz José Rubens Siqueira.
"Na abertura do texto, o próprio Plínio conta que não pesquisou muito a saga da madame, trazendo à tona antes as suas impressões. No nosso caso, há uma pesquisa biográfica mais aprofundada", declara Iacov Hillel.
A secundar "O Enigma Blavatsky", serão exibidas no saguão fotografias dos membros da Sociedade Teosófica que são mencionados na peça, uma cópia do famoso anel de Blavatsky, além de seu mapa astral, entre outros objetos. (PEDRO IVO DUBRA)


O ENIGMA BLAVATSKY. Texto: José Rubens Siqueira. Direção: Iacov Hillel. Com: Eliana Guttman, Marat Descartes, Lúcia Romano, Ariel Moshe, Giulio Lopes, Bri Fiocca e Valéria Lauand. Onde: Teatro do Colégio Santa Cruz (r. Orobó, 277, Alto de Pinheiros, tel. 3024-5191). Quando: pré-estréia hoje, para convidados, às 21h, e no sáb., às 21h, para o público; de qui. a sáb., às 21h, e dom., às 20h; até 28/9. 120 min. Quanto: de R$ 25 a R$ 30. Patrocinador: Motorola.


Próximo Texto: Artes plásticas: Arquitetura se destaca e ocupa espaços
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.