São Paulo, Domingo, 27 de Junho de 1999
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PARADA
Evento espera reunir 14 mil pessoas para estender a bandeira do arco-íris e estimular o orgulho junto à comunidade
Celebre os "gay 90's" na avenida Paulista

Debby Gram/Divulgação
A top drag Dimmy Kler, que participa hoje da Parada do Orgulho GLBT



ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Se esses foram realmente os "gay 90's", hoje é sua última chance para celebrá-los, aqui em São Paulo. A Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) acontece a partir de 14h, com concentração na avenida Paulista, em frente ao prédio da Gazeta. A marcha parte às 15h em direção à praça da República, descendo pela rua da Consolação e passando pela avenida Ipiranga.
A parada existe aqui há três anos. No primeiro, o público estava tímido (2.000 pessoas), mas no ano passado a coisa virou.
Parece que baixou um orgulho mesmo e na última hora apareceram 7.000, que ocuparam toda a rua Rego Freitas (na região central), teve link no "Faustão", reportagem no "Fantástico", uma festa. Agora são esperadas 14 mil pessoas. A ex-deputada Marta Suplicy, militantes e personalidades relacionadas à causa gay devem comparecer. Sem falar no segmento S da sigla GLS, os tais simpatizantes.
Estão prometidos sete carros alegóricos, das principais boates gays de São Paulo (Blue Space, Station/ Frenesi, Nostro 2000, Ponto G, Diesel & B.A.S.E, Mad Queen, So Go). Temas em debate junto à comunidade, como direitos humanos e violência; Aids; parceria civil registrada; e o levante de Stonewall (que originou a data das comemorações do "Gay Pride" nos EUA) serão lembrados em faixas e cartazes. Estará na parada também a bandeira do arco-íris, com 50 metros de comprimento, que será aberta assim que os participantes começarem a caminhada.
A apresentadora drag Silvetty Montilla (estrela dos shows de boates) vai comandar a parada com seus famosos gritos de guerra. Na praça da República, outra diva do underground paulistano, Claudia Wonder, apresentará as atrações, que incluem a dupla de tecno Tétine e outras drags, como a top Dimmy Kier.
Apesar de a parada fazer parte do calendário oficial da cidade, os organizadores reclamam não ter recebido qualquer verba da prefeitura, o que, segundo Paulo Giacomini, conselheiro fiscal da parada, comprometeu a organização e a divulgação. "Não é como uma rave, por exemplo, em que as pessoas já conseguem as coisas e existe toda uma infra-estrutura. Este ano conseguimos CGC para a parada, mas ainda estamos no caminho da profissionalização." O evento todo custou R$ 25 mil.
Em Nova York, a parada aglutina todos os segmentos do mundo gay e seus temas emocionam até quem não faz parte do movimento. O Brasil está ainda distante da articulação norte-americana -o levante de Stonewall, símbolo da luta de gays e lésbicas dos tempos modernos, completa agora 30 anos-, mas vale a pena lembrar a fala do presidente Clinton ao decretar junho como o mês do orgulho gay e lésbico, no dia 11 passado: "Não podemos adquirir verdadeira tolerância simplesmente pela legislação, precisamos mudar corações e mentes". Este domingo pode servir para isso. Orgulho gay "djá".


Evento: 3ª Parada do Orgulho GLBT Quando: hoje, a partir de 14h Onde: concentração na av. Paulista, na altura do nº 900, em frente ao prédio da Gazeta Trajeto: av. Paulista, r. da Consolação, av. Ipiranga, pça. da República
Realização: Associação Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, com apoio institucional da Secretaria Municipal de Cultura, Intepride, Gala, Corsa, Identidade, NGL-PT/ SP, e dos vereadores Ítalo Cardoso, Ana Maria Quadros, Pierre de Freitas, Carlos Neder
Patrocínio: Blue Space, Ponto G, Programa Estadual DST/Aids
Na Internet: para mais informações, os interessados podem consultar o site http:// paradasp.cjb.net/


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