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ARTES PLÁSTICAS
Artista e produtor cultural inaugura mostra individual em que apresenta esculturas em madeira
Ribenboim articula sua nova pele
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Ricardo Ribenboim abandona,
temporariamente, seu papel de
produtor cultural (ele é diretor do
Itaú Cultural) e solta hoje seus bichos no chão e nas paredes da galeria Nara Roesler, na mostra
"Troca de Pele". Eles chegam já
sob o signo da transformação, como diz o título da exposição, explicitando assim o hibridismo
que caracteriza os trabalhos.
São esculturas em madeira que,
apesar da dureza do material, são
articuláveis e maleáveis.
Curiosamente, apesar de ter
formação em computação e design gráficos, Ribenboim foi buscar nas formas orgânicas da natureza a origem dessas novas vidas.
"Existe uma relação entre o elemento orgânico e o gráfico. Os
princípios construtivos da produção gráfica estão muito ligados
aos desenhos da natureza", disse.
Suas esculturas são compostas
por formas que se repetem e produzem sons e movimentos a partir da interação com o público.
Não satisfeito, Ribenboim ainda
criou imagens virtuais que reproduzem as formas de seus bichos e
que serão projetadas em movimento sobre eles.
Esse seu mundo novo é preenchido pelos movimentos das centopéias, articulações do rabo de
um tatu, troca de pele de uma serpente, jogo amoroso entre dois
anelídeos (como as minhocas).
"A idéia foi dar a esses peças
uma sensualidade a partir das ondulações, acasalamentos e enovelamentos. Eles são bichos e são
trepantes", disse o artista, citando
assim duas séries de obras de
Lygia Clark (1920-1988).
A produção de Ribenboim lida
com questões sexuais, mas, assim
como na produção de Clark, em
que a sexualidade é latente, aqui
não existe masculino ou feminino, apenas corpos semelhantes.
Não se trata porém de questões
homoeróticas. Ribenboim faz
questão de dizer que tentou fugir
de discussões conceituais da arte
contemporânea e ater-se ao prazer que a forma dos trabalhos
proporcionam. "Por serem orgânicos, eles remetem a sensações
de prazer e de repulsa, mas o que
prevalece é o prazer da forma, o
prazer construtivo do trabalho".
O título da mostra também é
sintomático de sua produção ao
trazer sua nova pele e também referir-se à sua tentativa de criar novas formas depois de 25 anos (de
1974 a 1999) tentando destruir,
com sua produção, uma forma
sedimentada na cultura de massa:
a garrafa de Coca-Cola.
Mostra: Troca de Pele (esculturas de
Ricardo Ribenboim)
Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa,
655, tel. 3063-2344)
Vernissage: hoje, às 20h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às
19h; sábado, das 11h às 15h
Quanto: de R$ 2.000 a R$ 25 mil
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