|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DISCO/CRÍTICA
Música é menos firme que discurso
da Reportagem Local
Independente por excelência
e por constituição, Edvaldo
Santana crava novas marteladas nos velhos pregos em seu
novo disco, "Edvaldo Santana".
Investe em parcerias que acariciam a arte de bem compor
-com Itamar Assumpção em
"Blues Caboclo", com Arnaldo
Antunes na amarga "Beija-Flor" ("um beija-flor bebeu/ da
boca do tubo de soro/ preso ao
meu braço"), com Felix de Santana Braga em "Sonho Azul",
com Ademir Assunção em várias faixas.
Compositor solitário -em
"Paulistanóide", "Mestiça",
"Covarde"-, repete a mesma
carícia.
Aspereza
Amadurecendo/envelhecendo, vê sua voz áspera por natureza ficar mais rouca, mais doída. Não é fácil de ouvir.
Também não é suave o discurso, especialmente o de "Covarde": "Você diz que é publicitário, que transforma canalha
em herói, sua alma é um extrato bancário, não importa se
cria ou destrói (...), mas se entram no vizinho você finge que
não vê, apaga a luz, fica quietinho e não é nada com você. Covarde, você não passa de um
covarde". Se é música, o recado
é claro.
Contrastando com a firmeza
de discurso, o entorno musical
-se é música- titubeia mais.
Edvaldo é renitente no reggae,
numa latinidade um pouco antibrasileira.
A produção, dele e de Luiz
Waack, muitas vezes é de menos, mais para lá do que para
cá.
São as penas da independência, mas esse parece ser mesmo
o caminho dele.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Avaliação:
Disco: Edvaldo Santana
Artista: Edvaldo Santana
Lançamento: Tom Brasil Estúdio
Quanto: R$ 20, em média
Texto Anterior: Edvaldo Santana apresenta novo CD Próximo Texto: Arquitetura: Livro esmiuça a construção de BH Índice
|