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ARQUITETURA
Os libaneses Tony Chakar e Naji Assi participam do projeto "São Paulo S.A.", que encerra hoje ciclo de debates
"Caos urbano é fruto da megalomania"
MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
Para que uma metrópole consiga vencer seus problemas, é necessário, de início, combater a
"megalomania dos arquitetos".
Assim pensam os libaneses Tony
Chakar e Naji Assi, que na última
segunda-feira participaram da série de debates promovido pelo
projeto "São Paulo S.A.", cujo primeiro módulo se encerra hoje.
Com curadoria da francesa Catherine David, o "São Paulo S.A."
procura promover uma série de
eventos e debates (com especialistas e convidados brasileiros e estrangeiros) sobre questões urbanas e artísticas -eventos que devem continuar no próximo ano.
Os arquitetos Chakar e Assi (34
e 33 anos, respectivamente) têm
um trabalho sobre Rouwaysset,
uma região na periferia da cidade
de Beirute, no Líbano, ocupada de
maneira desordenada pela população mais pobre. Uma desordenação que significa construir onde havia antes uma rua, uma passagem, em um cruzamento de espaços públicos e privados.
"Fazemos parte desses arquitetos de Beirute que pensam ser a
questão urbana um domínio que
pertence, na verdade, a múltiplos
setores", diz Naji. "Em lugares como Rouwaysset", ele continua,
"há uma espécie de autogestão
que nos coloca uma questão: a atitude dos arquitetos, dos urbanistas, dos sociólogos. Os problemas
de uma cidade não são uma fatalidade, e os que encontram as soluções não atuam, sempre, na mesma esfera."
As respostas para as questões
urbanas, acredita Chakar, passam
necessariamente pela relação que
arquitetura tem com sua história,
e pelo papel que um arquiteto
imagina ocupar na sociedade na
qual vive e interfere.
"A megalomania dos arquitetos
se funda em um contrato social
que nunca foi assinado", diz ele.
"Um arquiteto, perto de uma maquete, parece Jesus, indicando o
caminho. Por isso são pessoas cada vez menos populares."
Mas, de toda maneira, são também profissionais de quem se espera uma contribuição para a resolução dos problemas dos grandes centros urbanos. E, muitas vezes, a grande questão é saber
quanto das soluções propostas
pertencem apenas ao território da
utopia; o que terminaria agravando a atmosfera de caos.
"Apresentar uma "solução", colocar o problema dessa maneira, é
mascarar a complexidade da cidade", diz Chakar, que prega a necessidade de um renovado diálogo entre arquitetos, poderes públicos e habitantes.
Programação
Hoje, a partir das 18h, na Biblioteca Mario de Andrade (r. da
Consolação, 94, centro), o "São
Paulo S.A." encerra seu ciclo de
debates com os temas "Resistência e Criação no Contexto Contemporâneo" e "Ressonâncias". A
entrada é gratuita (informações e
inscrições pelo tel. 9294-4876).
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