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CRÍTICA
Diretora humaniza seqüestradora de avião
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a diretora sueco-palestina Lina Makboul era
adolescente, um de seus ídolos era
Leila Khaled. Em 1968, Leila, uma
palestina nascida em Haifa quatro
anos antes da criação do Estado
de Israel, seqüestrou um avião
que rumava para Milão supostamente com Yitzak Rabin, então
embaixador israelense nos EUA, a
bordo e o levou até Damasco com
a ajuda de um cúmplice. Ninguém foi ferido, mas o mundo, assustado, pela primeira vez voltou
os olhos para a questão palestina.
Então com 24 anos, extremamente bonita e armada com uma
metralhadora que nunca chegou
a disparar, Leila virou uma espécie de ícone árabe e uma terrorista
procurada. Presa brevemente pela polícia síria, foi logo libertada e
desapareceu para realizar uma série de cirurgias plásticas que
transformariam seu rosto. A idéia
era ficar irreconhecível para uma
próxima ação de seu grupo, a
Frente Popular para a Libertação
da Palestina, dois anos depois.
Desta vez, o alvo foi um avião da
israelense El Al que rumava para
Nova York. Mas Leila não teve o
mesmo sucesso. Foi dominada e
acabou presa em Londres, sendo
solta em uma negociação inédita
do governo britânico com a FPLP,
que tinha sob seu poder outros
três aviões cheios de passageiros.
Passados 35 anos, a dona-de-casa que Makboul encontra vivendo
em Amã (Jordânia), tema do filme "Leila Khaled, Hijacker", pouco lembra a jovem cuja figura estampa pôsteres até hoje nos territórios ocupados. Sua determinação permanece firme: ela já não
luta mais com armas, mas defende que todo meio é válido para
conquistar a causa palestina
-desde que nenhum civil seja
morto em lugar nenhum.
Makboul tem uma óbvia simpatia por sua personagem e a humaniza de forma quase caricata, filmando-a em cenas cotidianas como servir o jantar para a família
ou envergar um pijama de ursinhos. No momento mais pungente, a diretora entrega para sua interlocutora -proibida de pisar
em Haifa- um ladrilho da casa
onde viveu seus primeiros quatro
anos de vida, fazendo-a sucumbir
a um raro choro. Nem por isso
Makboul deixa de confrontar sua
antiga heroína com questões delicadas nem de defender que já não
crê que a violência seja um meio
aceitável ou útil à sua causa.
(LC)
Leila Khaled, Hijacker
Quando: hoje, às 20h, no MIS (av.
Europa, 158, tel. 3062-9197)
Quanto: entrada franca
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