São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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CRÍTICA

"Street Fight" foca luta por voto nos EUA

LUCIANA COELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nada prepara o espectador para "Street Fight", filme de Marshall Curry que concorreu ao último Oscar. Nem as eleições presidenciais dos EUA de 2000, quando George W. Bush ganhou seu primeiro mandato após uma série de recontagens de votos, e boa parte do mundo se surpreendeu ao ver que a superdemocracia americana tem lá suas falhas.
Com uma câmara digital e recursos limitados, Curry escancarou essas falhas em um registro quase cru da corrida para a Prefeitura de Newark em 2002. A campanha marcada por censura, intimidação e dúvidas quanto a uma longa permanência no poder por meio de subterfúgios nem sempre democráticos pouco deixa a perder para países cujos governos costumam receber repreensões constantes de Washington.
O filme choca porque Newark não é um rincão perdido no meio da América, mas a maior cidade de Nova Jersey e endereço de um dos principais aeroportos que servem Nova York. Apesar da proximidade com a megalópole, ali as campanhas ainda são travadas nas ruas (daí o título), e os eleitores, conquistados com a distribuição de presentes singelos. Na era dos marqueteiros, é uma visão quase pueril.
Curry mostra a disputa entre o prefeito Sharpe James, 66 anos, 16 deles no cargo (mais os 16 como vereador), e Cory Booker, um advogado de 32 em seu primeiro mandato como vereador.
Ambos são negros -53% da cidade o é- e concorrem pelo Partido Democrata (ali as eleições não são partidárias). As semelhanças acabam aí: James é um garoto pobre convertido em político populista. Booker, filho de ativistas dos direitos civis, foi bem criado e estudou na prestigiosa universidade Yale.
De início, Curry quer acompanhar as duas campanhas. Mas James não permite (problemas entre o diretor e os seguranças do prefeito são constantes), e ele passa a focar Booker. "Baixaria" é palavra sutil para classificar o que segue: no ápice da empreitada para desacreditar o adversário, que o acusa de corrupção, um James descontrolado ataca Booker como "republicano, branco e judeu". Neste ano, em maio, os dois voltam a se enfrentar.


Street Fight
    Quando:
hoje, às 15h, no Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 3082-0213)
Quanto: entrada franca


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