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CRÍTICA
"Street Fight" foca luta por voto nos EUA
LUCIANA COELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nada prepara o espectador
para "Street Fight", filme de
Marshall Curry que concorreu ao
último Oscar. Nem as eleições
presidenciais dos EUA de 2000,
quando George W. Bush ganhou
seu primeiro mandato após uma
série de recontagens de votos, e
boa parte do mundo se surpreendeu ao ver que a superdemocracia
americana tem lá suas falhas.
Com uma câmara digital e recursos limitados, Curry escancarou essas falhas em um registro
quase cru da corrida para a Prefeitura de Newark em 2002. A campanha marcada por censura, intimidação e dúvidas quanto a uma
longa permanência no poder por
meio de subterfúgios nem sempre
democráticos pouco deixa a perder para países cujos governos
costumam receber repreensões
constantes de Washington.
O filme choca porque Newark
não é um rincão perdido no meio
da América, mas a maior cidade
de Nova Jersey e endereço de um
dos principais aeroportos que servem Nova York. Apesar da proximidade com a megalópole, ali as
campanhas ainda são travadas
nas ruas (daí o título), e os eleitores, conquistados com a distribuição de presentes singelos. Na era
dos marqueteiros, é uma visão
quase pueril.
Curry mostra a disputa entre o
prefeito Sharpe James, 66 anos, 16
deles no cargo (mais os 16 como
vereador), e Cory Booker, um advogado de 32 em seu primeiro
mandato como vereador.
Ambos são negros -53% da cidade o é- e concorrem pelo Partido Democrata (ali as eleições
não são partidárias). As semelhanças acabam aí: James é um
garoto pobre convertido em político populista. Booker, filho de
ativistas dos direitos civis, foi bem
criado e estudou na prestigiosa
universidade Yale.
De início, Curry quer acompanhar as duas campanhas. Mas James não permite (problemas entre o diretor e os seguranças do
prefeito são constantes), e ele passa a focar Booker. "Baixaria" é palavra sutil para classificar o que
segue: no ápice da empreitada para desacreditar o adversário, que
o acusa de corrupção, um James
descontrolado ataca Booker como "republicano, branco e judeu". Neste ano, em maio, os dois
voltam a se enfrentar.
Street Fight
Quando: hoje, às 15h, no Cinesesc (r.
Augusta, 2.075, tel. 3082-0213)
Quanto: entrada franca
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