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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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FOTOGRAFIA

Cotidiano de região do Mali e relação entre o continente e o Brasil são temas de mostras

Raízes africanas brotam de máscaras e imagens

Divulgação
Imagens de "Brasil e África - Similaridades", que reúne o trabalho de 19 fotógrafos brasileiros


PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em comemoração do Dia da África (25 de maio), o Fórum África, entidade de caráter sociocultural instituída em 2000 por profissionais africanos de diversos países e por brasileiros afrodescendentes, está organizando duas exposições de fotos em São Paulo: "Cores da Vida Dogon" e "Brasil e África - Similaridades".
Durante 18 meses, entre 1994 e 1996, o fotógrafo e cineasta italiano Gianni Puzzo viveu no planalto Dogon, no Mali (oeste da África). Puzzo foi o responsável pelo registro do projeto de pesquisa desenvolvido pela antropóloga Denise Dias Barros no país, e as imagens são parte dessa experiência, em que se destacam os ciclos rituais -funerários e agrícolas (os dogon vivem principalmente da agricultura, com cultivo de milhete, sorgo, cebola e hortaliças).
Vêem-se máscaras de madeira de cinco metros de altura, casas rituais e paisagens, como a gigantesca baobá -a chamada "árvore de mil anos", cujo ciclo de vida nunca foi mensurado e que possui o mais grosso tronco do mundo, rico em reservas de água e do qual tudo se aproveita: o tronco, para fabricar fibras usadas na confecção de máscaras funerárias; as folhas e os frutos, para alimentação-, além de cenas cotidianas, como a ida ao mercado.
"A baobá é também morada de seres não visíveis. É uma árvore especialmente respeitada, com a qual se deve trabalhar com cuidado", diz a antropóloga Barros. A outra mostra que também acontece no CCSP, "Brasil e África - Similaridades", reúne 19 fotógrafos brasileiros. Foram selecionadas 48 imagens, que formam 24 pares, em que uma imagem foi produzida na África e a outra no Brasil. "As imagens têm como objetivo promover a cultura africana e contribuir para um maior conhecimento recíproco entre o Brasil e a África por meio da valorização das nossas raízes africanas", diz a curadora Dirce Carrion.
Para quem se interessa por máscaras e objetos de arte africana (artesanato, esculturas, tapetes, vestuário, pintura e pôsteres), o Conjunto Nacional organiza uma exposição até o próximo dia 31.
Segundo o malinense Saddo Ag Almouloud, 51, presidente do Fórum África, o objetivo dos eventos "é contribuir para que o povo brasileiro conheça um pouco mais sobre a África, a parte cultural, social, política e econômica".
Mais informações podem ser obtidas no site www.forumafrica.com.br.

Paulo Daniel Farah é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

BRASIL E ÁFRICA - SIMILARIDADES/ CORES DA VIDA DOGON. Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277- 3611). Quando: abertura hoje; de seg. a sex., das 10h às 18h. Quanto: grátis. Até 1/6. Patrocinadores: Pires Serviços de Segurança e South African Airways.

EXPOSIÇÃO DE ARTE AFRICANA. Onde: Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073, Cerqueira César). Quando: de seg. a dom., das 9h às 22h. Quanto: grátis. Até 31/5.


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