São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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INSTRUMENTAL
Mané Silveira e Swami Jr. fazem show em que cruzam choro de Pixinguinha com jazz de Django Reinhardt
Duo magnetiza MIS com ecletismo de "Ímã"

CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

Sempre houve no mercado fonográfico tentativas de estipular ligações entre o choro e o jazz, por meio da música instrumental brasileira. No entanto, poucas são tão bem-sucedidas quanto o CD "Ímã", que será lançado em show hoje, às 21h30, no Museu da Imagem e do Som (MIS).
No espetáculo, assim como no CD, o duo Mané Silveira, 42, e Swami Jr., 40, ambos paulistanos, compositores, arranjadores e instrumentistas, somam suas experiências e produzem uma sonoridade inusitada.
Associando compositores como Pixinguinha (1897-1973) e Django Reinhardt (1910-1953), Swami expande o som de um violão de sete cordas -instrumento absolutamente brasileiro- junto ao sax de Silveira.
O conceito do trabalho traz, além do lado livre expresso nas improvisações, um compromisso muito grande com os arranjos.
"Trabalhando os arranjos, conseguimos achar um equilíbrio entre os dois instrumentos, sem descaracterizá-los. Há temas em que o violão faz as linhas de baixo, e, às vezes, utilizo as partes mais graves para acompanhar, quando não é o sax que está me acompanhando", disse o violonista do duo, em entrevista à Folha.
Swami Antunes de Campos Júnior começou na música estudando violão clássico, até escutar o violonista Baden Powell, que o fez enveredar pelo caminho do popular, resultando em sua mudança para a Europa, onde viveu e executou choros durante três anos e meio.
"Em Paris, tive muito contato com o jazz. Lá, assisti um show do Weather Report com o Jaco Pastorious (1951-1987). Pirei, vim ao Brasil e comprei um baixo", disse o violonista, que também é baixista, e já tocou com músicos como Luiz Melodia, Chico César e Elba Ramalho, entre outros.
Manuel Carlos de Campos Silveira não concluiu o curso de direito para estudar música com Hans Joachim Koellreutter, Cláudio Leal Ferreira, Nelson Ayres e Roberto Sion, antes de tocar com Arrigo Barnabé, Johnny Alf, Naná Vasconcellos e uma quase infinidade de artistas brasileiros.
"Quando tinha apenas dois anos de instrumento, fui tocar com o Arrigo, na banda Sabor de Veneno. Eram coisas difíceis para mim, eu não entendia muito bem o que era aquilo. Os arranjos eram completamente malucos. Hoje, sei que foi um ótimo aprendizado", disse o saxofonista.
No repertório do espetáculo, estão músicas compostas pelo duo, além de temas como "Waving", do saxofonista Vítor Assis Brasil (1945-1981) e "26-2", do tenorista John Coltrane (1926-1967), entre outras.


Show: Ímã Artistas: Mané Silveira e Swami Jr. Quando: hoje, às 21h30 Onde: MIS - Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, Jardim Europa, tel. 852-9197) Quanto: entrada franca

Disco: Ímã Artistas: Mané Silveira e Swami Jr. Lançamento: Núcleo Contemporâneo Quanto: R$ 18 (em média)


Avaliação:     


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