São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

Texto Anterior | Índice

TEATRO

Companhia comemora um ano de sua ocupação do teatro Cacilda Becker com ciclo de quatro leituras gratuitas

Latão apresenta experimentos cênicos na cidade

Lenise Pinheiro - 18.mar.2000/Folha Imagem
Integrantes da Cia. do Latão


PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO

Para comemorar um ano da ocupação do teatro Cacilda Becker, a Companhia do Latão demonstra ao público, por quatro finais de semana, um ciclo de leituras. Ou -talvez melhor dizendo- experimentos teatrais.
Gratuitos, os quatro exercícios conjugam encenação já adiantada, leitura dramática e composições musicais. Para iniciar o projeto, batizado "Cenas da Ocupação", hoje é apresentado "Valor de Troca", um "experimento lírico" (no sentido épico, não no sentimental, frisa Sérgio de Carvalho, 35, diretor do grupo), que o Latão revelou no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no dia 25.
"Não são leituras exatamente, em que todos ficam sentados. São espetáculos com o texto na mão. Cada um tem uma forma diferente, além de um caráter muito experimental. Estão numa fronteira: não são produtos prontos, nem coisas precárias", diz Carvalho.
Baseado numa notícia de jornal a respeito de uma mulher abusada sexualmente, "Valor de Troca" conta com participação de cantores e músicos convidados.
Na obra, utilizam-se fotografias projetadas. Trechos de "O Capital", de Karl Marx, e um texto de Franz Kafka foram musicados. A matéria, do francês "Le Monde", chamou a atenção do conjunto durante uma viagem de avião para a Europa, em 2000.
"Se só olharmos a relação entre as pessoas, fica incompleta. Ela joga para uma injustiça social", afirma Sérgio de Carvalho sobre a história da moça abusada que, por se prostituir, não é considerada pela justiça "uma vítima ideal".
No fim de semana que vem, é a vez de "O Grande Circo da Ideologia" chegar ao palco. Inspirada em Marx e Engels, expõe um falso grupo de artistas circenses tentando refutar as idéias acerca do materialismo histórico.
Nos dias 12 e 13 de outubro, aporta no Cacilda Becker "João Fausto", leitura fundada no libreto do compositor alemão Hanns Eisler e mostrada no Instituto Goethe em 1999 e 2000. Tido como um dos grandes trabalhos da companhia por muitos, segundo Carvalho, o texto situa o mito de Fausto na época de um levante camponês em 1525.
Finalmente, nos dias 19 e 20 do mês, a Companhia do Latão apresenta "Os Dias da Comuna", baseada na peça de Brecht e em escritos de Marx e Prosper Lissagaray. Foi encenada dentro das comemorações dos 130 anos da Comuna de Paris. Durante o movimento, por 72 dias o povo teve em mãos o poder na França.
Tantas experimentações devem anteceder o novo espetáculo do grupo. Sem nome muito definido, trataria da imprensa. O Latão pretende abrir oficinas e fazer criação coletiva, como aconteceu em "A Comédia do Trabalho".

CENAS DA OCUPAÇÃO - leituras cênicas da Companhia do Latão. Onde: teatro Cacilda Becker (r. Tito, 295, tel. 3864-4513). Quando: sáb., às 21h, e dom., às 19h; até 20/10. Entrada franca.



Texto Anterior: Música: Caetano e Mautner "inauguram" parceria
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.