São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002 |
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TEATRO Companhia comemora um ano de sua ocupação do teatro Cacilda Becker com ciclo de quatro leituras gratuitas Latão apresenta experimentos cênicos na cidade
PEDRO IVO DUBRA DA REDAÇÃO Para comemorar um ano da ocupação do teatro Cacilda Becker, a Companhia do Latão demonstra ao público, por quatro finais de semana, um ciclo de leituras. Ou -talvez melhor dizendo- experimentos teatrais. Gratuitos, os quatro exercícios conjugam encenação já adiantada, leitura dramática e composições musicais. Para iniciar o projeto, batizado "Cenas da Ocupação", hoje é apresentado "Valor de Troca", um "experimento lírico" (no sentido épico, não no sentimental, frisa Sérgio de Carvalho, 35, diretor do grupo), que o Latão revelou no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no dia 25. "Não são leituras exatamente, em que todos ficam sentados. São espetáculos com o texto na mão. Cada um tem uma forma diferente, além de um caráter muito experimental. Estão numa fronteira: não são produtos prontos, nem coisas precárias", diz Carvalho. Baseado numa notícia de jornal a respeito de uma mulher abusada sexualmente, "Valor de Troca" conta com participação de cantores e músicos convidados. Na obra, utilizam-se fotografias projetadas. Trechos de "O Capital", de Karl Marx, e um texto de Franz Kafka foram musicados. A matéria, do francês "Le Monde", chamou a atenção do conjunto durante uma viagem de avião para a Europa, em 2000. "Se só olharmos a relação entre as pessoas, fica incompleta. Ela joga para uma injustiça social", afirma Sérgio de Carvalho sobre a história da moça abusada que, por se prostituir, não é considerada pela justiça "uma vítima ideal". No fim de semana que vem, é a vez de "O Grande Circo da Ideologia" chegar ao palco. Inspirada em Marx e Engels, expõe um falso grupo de artistas circenses tentando refutar as idéias acerca do materialismo histórico. Nos dias 12 e 13 de outubro, aporta no Cacilda Becker "João Fausto", leitura fundada no libreto do compositor alemão Hanns Eisler e mostrada no Instituto Goethe em 1999 e 2000. Tido como um dos grandes trabalhos da companhia por muitos, segundo Carvalho, o texto situa o mito de Fausto na época de um levante camponês em 1525. Finalmente, nos dias 19 e 20 do mês, a Companhia do Latão apresenta "Os Dias da Comuna", baseada na peça de Brecht e em escritos de Marx e Prosper Lissagaray. Foi encenada dentro das comemorações dos 130 anos da Comuna de Paris. Durante o movimento, por 72 dias o povo teve em mãos o poder na França. Tantas experimentações devem anteceder o novo espetáculo do grupo. Sem nome muito definido, trataria da imprensa. O Latão pretende abrir oficinas e fazer criação coletiva, como aconteceu em "A Comédia do Trabalho". CENAS DA OCUPAÇÃO - leituras cênicas da Companhia do Latão. Onde: teatro Cacilda Becker (r. Tito, 295, tel. 3864-4513). Quando: sáb., às 21h, e dom., às 19h; até 20/10. Entrada franca. Texto Anterior: Música: Caetano e Mautner "inauguram" parceria Índice |
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