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MOSTRA
Filmes pouco explícitos, como "Ensaio de Orquestra", de Fellini, são ponto alto de "A Classe Operária Vai ao Cinema"
Ciclo rememora produção política italiana
Divulgação
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Os atores Ornella Muti e Michele Plácido em "Romance Popular", de Mario Monicelli |
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A Itália dos anos 70, com
seu influente Partido Comunista e seus fortes movimentos sociais, foi um terreno fértil para um
cinema cujo motor central era a
luta de classes.
Uma boa seleção dessa rubra cinematografia está no ciclo "A
Classe Operária Vai ao Cinema",
que começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil.
Entre os sete títulos programados, os mais diretamente engajados são os que mais envelheceram: é o caso de "A Classe Operária Vai ao Paraíso" (Elio Petri,
1971) e "Sacco e Vanzetti" (Giuliano Montaldo, 1971), ambos estrelados por Gian-Maria Volonté, o
ator emblemático do período.
O primeiro é uma exposição
quase didática das lutas internas
no movimento operário italiano
numa época de cooptação dos
trabalhadores pela sociedade de
consumo. Uma imagem inesquecível é a do operário interpretado
por Volonté estrangulando um
boneco inflável do Pato Donald.
"Sacco e Vanzetti" é uma reconstituição quase hagiográfica
da história de dois anarquistas
italianos condenados à morte nos
Estados Unidos no início do século 20 sob a falsa acusação de terrorismo. Pensando bem, não é tão
datado assim.
Mas os títulos mais fortes da
mostra são os que não abordam
diretamente as lutas operárias,
como "Ensaio de Orquestra"
(1978), de Federico Fellini, e "A
Árvore dos Tamancos" (1978), de
Ermano Olmi.
Fellini parte dos conflitos entre
os músicos de uma orquestra para fazer uma espécie de alegoria
sobre o poder. Olmi, por sua vez,
faz um sensível réquiem pelas tradições populares rurais soterradas pela modernidade.
A família rural como palco de
uma relação de poder é o tema de
outro clássico, "Pai Patrão"
(1977), um dos melhores filmes
dos irmãos Taviani.
Há ainda a deliciosa comédia
"Romance Popular" (Mario Monicelli, 1974), em que Ugo Tognazzi sofre nas mãos da jovem
mulher (Ornella Muti) e, por fim,
"Mimi, o Metalúrgico", exemplar
do cinema inquieto e irônico de
Lina Wertmüller, estrelado por
seu par favorito de atores, Giancarlo Gianninni e Mariangela Melato.
A Classe Operária Vai ao Cinema
Quando: de hoje a 4 de maio
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil
- cinema (r. Álvares Penteado, 112,
centro, São Paulo; tel. 3113-3651;
www.cultura-e.com.br)
Quanto: R$ 8
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