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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Brasileira Rivane Neuenschwander e alemão John Boch apresentam trabalhos em SP antes da Bienal européia

Rumo a Veneza, artistas dissecam desejos

Tuca Vieira/Folha Imagem
A mineira Rivane Neuenschwander com as fitas da exposição "Eu Desejo o Seu Desejo"; tiras mostram 40 frases coletadas entre amigos
 
Tuca Vieira/Folha Imagem
O alemão John Boch durante montagem de "The Death of Raymond Roussel", que traz esculturas


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles embarcam para Veneza na próxima semana, para expor na Bienal Internacional de Artes Visuais, que será aberta dia 14, mas antes fazem escala em São Paulo. Rivane Neuenschwander vem de Belo Horizonte, e John Boch, de Berlim. A partir de hoje, ambos expõem obras na galeria Fortes Vilaça.
Em Veneza, Neuenschwander participa da mostra "Delays and Revolutions" (Atrasos e Revoluções), com curadoria de Francesco Bonami, o diretor-geral da Bienal, e Daniel Birnbaum, enquanto Boch está na exposição "Utopia Station" (Estação Utopia), organizada por Hans-Ulrich Obrist, entre outros.
Antes de apresentar uma nova obra na bienal italiana, Neuenschwander traz a São Paulo a instalação "Eu Desejo o Seu Desejo", que foi montada, no início do ano, no Palais de Tóquio, em Paris, o novo e controverso -o ministro da Cultura Jacques Aillagon manifestou o desejo de fechá-lo- espaço de arte contemporânea da capital francesa.
Centenas de fitas, como aquelas de Nosso Senhor do Bonfim, estão enfiadas, uma a uma, em pequenos buracos, que simulam a pauta de um caderno ampliado em duas paredes no mezanino da galeria.
Em vez do texto "Lembrança do Bonfim", 40 frases coletadas entre amigos sobre desejos: "Eu desejo ganhar na Megasena", "Eu desejo sexo cinco vezes por dia", "Eu desejo que os desejos se realizem" são algumas delas. Os visitantes podem escolher uma das fitinhas e sair com ela.
"Com isso, há uma disseminação, e o visitante torna-se o estandarte dos desejos de outra pessoa", afirma a artista. Se fossem desenhadas linhas imaginárias a partir da galeria, a obra de Neuenschwander ganharia proporções gigantes, criando rotas e mapas. Assim, sua obra torna-se uma continuidade de trabalhos como "Carta Faminta" (2000), folhas de papel comidas por larvas que se pareciam com mapas.
Agora, são as próprias pessoas que criam o desenho e participam da obra "comestível" da artista, como definiu Birnbaum em um longo artigo na edição deste mês da revista "Artforum".
Já para Veneza, Neuenschwander prepara cerca de 200 bolas, em formatos diversos, desde pequenas como as de pingue-pongue até de grande tamanho, como as de ginástica. Em cada uma, desenha ou utiliza as cores da bandeira de um país do planeta. "É um trabalho político", afirma. Numa Bienal marcada por espaços definidos, apenas 31 países possuem pavilhões nacionais, e cerca de outros 30 ainda ocupam outros espaços. Neuenschwander torna a exposição mais democrática, ampliando o quadro de países a seu limite máximo.

EU DESEJO O SEU DESEJO. Mostra com instalação da artista mineira Rivane Neuenschwander.

THE DEATH OF RAYMOUND ROUSSEL. Mostra com cinco esculturas do alemão John Boch. Onde: galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 3032-7066). Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a sex., 10h/19h; sáb., 10h/17h. Até 28/6. Quanto: entrada franca.



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