São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Crítica/"Roman Polanski"/"Transcendendo Lynch"

Documentários de brasileiros sobre Lynch e Polanski são irregulares

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Uma curiosidade da 33ª Mostra Internacional de Cinema é a presença de dois documentários brasileiros sobre cineastas de primeiro time. "Transcendendo Lynch", de Marcos Andrade, registra a passagem de David Lynch pelo Brasil, no ano passado. E "Roman Polanski", de Alê Primo, é um panorama da obra do diretor polonês, tendo como eixo uma entrevista concedida em São Paulo, em 2004.
O problema do filme de Andrade está no próprio retratado, que em sua turnê brasileira só falou sobre meditação transcendental (tema do livro que veio lançar), deixando o cinema de lado e repetindo à exaustão clichês sobre energia interior, consciência expandida e coisas do gênero.
A saída foi deslocar o foco para as reações dos brasileiros à presença de Lynch. Filas para conseguir um autógrafo, declarações de fãs emocionados, sessões coletivas de meditação... Uma discreta histeria. Mas mesmo isso acaba cansando.
Com o média "Roman Polanski" ocorre o oposto. O diretor fala generosamente sobre seus filmes, mas, como sua obra é extensa e o tempo é curto, tudo é visto de maneira superficial. Produzido pelo Sesc-SP, o documentário tem a cara de um programa didático de televisão.
O que há de mais precioso são os primeiros curtas de Polanski, de quando ele ainda estudava cinema em Lodz. Estão ali suas marcas: as atmosferas macabras, o erotismo perverso, o humor negro. Há ainda depoimentos de figuras como Caetano Veloso, Hector Babenco e Ugo Giorgetti. Em tempo: nada se fala sobre a acusação de estupro que obrigou Polanski a deixar os EUA.


ROMAN POLANSKI

Quando: hoje, às 19h30, no Cine Olido; sáb., às 19h50, na Cinemateca
Classificação: 10 anos
Avaliação: bom

TRANSCENDENDO LYNCH

Quando: dom., às 21h20, na Cinemateca e em 3/11, às 21h50, no Espaço Unibanco Pompeia
Classificação: 10 anos
Avaliação: regular




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