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ARTES CÊNICAS
Grupo dá início hoje ao evento de 78 horas de atividades em comemoração dos seus 15 anos de existência
"Satyrianas" instaura "fuso" cênico-literário
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mal terá passada a alvorada, nas
primeiras claridades de sexta-feira, e virá o sarau com textos do
marquês de Sade ("Os 120 Dias de
Sodoma", "Justine").
Na madrugada de domingo, o
casal de velhinhos de Eugène Ionesco ("As Cadeiras"), isolado
num farol, aguardará em vão os
convidados aos quais pretende
transmitir mensagem de salvação
da humanidade. Metáfora a calhar com as horas que antecedem
a visita obrigatória às urnas.
A 15ª edição do evento "Satyrianas - Uma Saudação à Primavera"
instaura "fuso horário" à parte na
praça Roosevelt, no centro, sede
da cia. Os Satyros. De hoje a domingo, são estimadas pelo menos
78 horas de atividades, dia e noite,
instadas a comemorar os 15 anos
da trupe e instigar reflexões (inf.:
site www.satyros.com.br).
Além do teatro (leituras e encenações), haverá simbiose com
poesia e música. A abertura, hoje,
às 18h, reativa a rádio Livre Satyros (em 88,7 FM), que transmitirá
o evento. Na seqüência, será encenada "A Voz do Povo É a Voz de
Zé", a partir dos contos do pernambucano Marcelino Freire,
com direção de Alberto Guzik.
Freire e outros escritores ou
poetas participarão de "cafés literários" e "crepúsculos poéticos".
Entre eles: Marcelo Mirisola, Nelson de Oliveira, Evandro Ferreira,
Juliano Garcia Peçanha, João Silvério Trevisan, Ronaldo Bressane,
Joca Reiners Terron, Fábio Weintraub e Glauco Mattoso.
O poeta Ademir Assunção
emendará versos ao vozeirão do
cantor e compositor Edvaldo Santana, parceiro recorrente.
A senhora praça Roosevelt, convertida em personagem nos últimos tempos, mobiliza mesas-redondas sobre o amor público e
privado ou, ainda, sobre a paixão
pela arte do teatro.
O dramaturgo Sergio Salvia
Coelho, crítico da Folha, estréia
no Satyrianas "Amor: Modo de
Usar" (sáb. e dom., às 23h).
Coelho também dirige o solo interpretado por Pagu Leal, que inspira o enredo: atriz curitibana
chega a São Paulo para uma palestra definitiva sobre o amor "e esclarece aquela questão que nos intriga a todos, ou seja, como a inescrutabilidade da referência está
implícita no relativismo cognitivo
das teorias do holismo semântico". Segundo o autor, a confusão
definitiva de todas as certezas é
proposital.
Ao todo, serão lidas ou encenadas duas dezenas de peças, como
"Transex", "A Filosofia na Alcova", "O Encontro das Águas" (as
três já em cartaz), "O Homem que
Queria Ser Rita Cadillac", "Análise Comportamental e Crítica da
Música Eduardo e Mônica" e
"Natureza Morta".
No domingo, haverá homenagem ao ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, 70, de "Eles
Não Usam Black-Tie", "Gimba",
"A Semente" e "Um Grito Parado
no Ar", entre outras peças que
reafirmaram a dramaturgia nacional nos anos 50, 60 e 70.
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