São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Mostra na filial Villa-Lobos ensina formas simples de olhar para a produção brasileira feita no século 20

Exposição descobre os planos do MAM

ANA WEISS
DA REDAÇÃO

Colado ao shopping center de mesmo nome, o MAM Villa-Lobos virou "sala de aula" das mais interessantes da cidade. Com lições tiradas de um dos principais acervos de arte moderna e contemporânea do Brasil, o do próprio museu, a filial tem recebido pequenas mostras que ensinam a olhar para a arte brasileira do século 20 a partir de aspectos simples e, de certa forma, didáticos.
Desde sexta-feira, por exemplo, o velho casarão abriga "O Plano como Estrutura da Forma", exposição de 14 obras de expressões e técnicas diferentes (como esculturas de Amilcar de Castro e bordados de Leonilson) que, como o título indica, resumem a história do uso da superfície na produção visual brasileira. A mostra é a sexta da série de oito que fecha no fim do ano com um recorte sobre a política na arte.
A seleção é assinada pelo curador Tadeu Chiarelli, 46, responsável por um dos períodos mais prolíficos do MAM e hoje dedicado às suas funções de professor na USP. Autor do projeto (montado em 2000, quinto ano de sua gestão no MAM), ele reconhece o aspecto professoral das exibições que começaram com uma montagem sobre o uso da cor na arte brasileira do século passado.
Ele explica que a idéia é apresentar o plano usado pelos artistas como estrutura ou como figura. No primeiro caso, encaixam-se Hélio Oiticica (1937-1980), com dois guaches, Lygia Clark (1920-1988), com um "Espaço Modulado", e Leonilson (1957-1993).
Moles e palpáveis, os planos de pano de Leonilson, por exemplo, são o corpo de seu trabalho, a estrutura da obra. É o caso de "Cheio, Vazio", bordado realizado no ano de sua morte, feito da composição de planos unidos pela costura de retalhos em estampas diferentes.
Já a utilização do plano como figura é exemplificada pelo professor Chiarelli principalmente por pintores: Paulo Pasta e Arcângelo Ianelli, cada um com uma tela que ilustra essa situação.
Mas há também objetos volumétricos que podem participar das duas partes da aula -como "Pulmão", escultura de celofanes de maço de cigarro empilhados por Jac Leirner: é uma construção geométrica que ganha destaque diante do bordado colorido de Leonilson, mesmo sendo feita de planos transparentes.


O PLANO COMO ESTRUTURA DA FORMA - mostra de 14 obras do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Onde: MAM Villa-Lobos (av. Nações Unidas, 4.777, piso 3, tel. 3024-4242). Curadoria: Tadeu Chiarelli. Até 1º de setembro. De seg. a sáb., das 10h às 22h, e aos dom., das 14h às 20h. Quanto: entrada franca. Patrocinador: Deutsche Bank.



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