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MÁQUINAS AGRÍCOLAS
Desvalorização de preços dos produtos impede renovação tecnológica, conclui pesquisa do IEA
Agricultura mantém frota sucateada
ROBERTO DE OLIVEIRA
da Reportagem Local
A maioria dos agricultores brasileiros trabalha com uma frota sucateada de máquinas agrícolas
(tratores e colheitadeiras).
A desvalorização de preços dos
produtos agrícolas é um entrave
para a renovação tecnológica no
campo (veja quadro ao lado).
Sem condições de adquirir novos
equipamentos, produtores estão
reformando ou comprando máquinas agrícolas usadas de grandes
agricultores.
As conclusões constam de uma
pesquisa realizada pelos engenheiros agrônomos Celso Luiz Vegro,
Célia Regina Ferreira e Flávio Condé de Carvalho, pesquisadores do
IEA (Instituto de Economia Agrícola) de São Paulo.
O índice de mecanização em
1993 no mundo foi de 52,2 ha por
trator, metade do índice brasileiro
em 95, de acordo com a pesquisa.
Também em 93, a média mundial de colheitadeiras foi de 349 ha
por máquina. No Brasil, esse índice subiu para 834 ha.
Após dez anos de uso, a colheitadeira apresenta perdas de 8% na
colheita, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores).
Sucateamento, problemas de regulagem e velocidade, entre outros, são responsáveis pela perda
de 4% da safra 96/97 de milho e
4,3% da de soja. Representa um
desperdício de US$ 388 milhões.
O valor corresponde a 43% de todo o dinheiro que o Brasil investirá
em ciência e tecnologia agropecuária este ano, segundo Alberto
Duque Portugal, presidente da
Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária).
De acordo com Portugal, o Ministério da Agricultura irá montar
um programa de avaliação e testes
de máquinas e equipamentos agrícolas ainda este ano.
O programa, segundo Portugal,
vai contar com a ajuda de universidades e da própria Embrapa.
``Hoje o governo não tem estrutura para fazer esse tipo de avaliação.''
Indústria ociosa
``Nossa frota é obsoleta. E é ainda perigosa, porque o setor agrícola precisa competir num mercado
aberto'', afirma Persio Luiz Pastre,
vice-presidente da Anfavea.
Na opinião de Pastre, pelo menos metade da frota de colheitadeiras em operação no Brasil deveria ser substituída.
A indústria brasileira de máquinas agrícolas operou no ano passado com 75% de ociosidade, índice
recorde de inatividade.
Enquanto o segmento assistia ao
pior desempenho de vendas de
máquinas agrícolas na história do
país, o restante do mundo trabalhava em ritmo máximo para atender aos pedidos de vendas.
``Precisamos de um plano para
modernizar a agricultura brasileira. Caso contrário, vamos chegar
ao ano 2005 como um dos maiores
importadores de máquinas'', diz.
Até fevereiro último, a indústria
mantinha 9.760 funcionários, número inferior à média histórica de
87, quando havia 28.628 trabalhadores empregados no setor. Entre
86 e 95, segundo o IEA, a indústria
demitiu 13 mil pessoas.
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