São Paulo, quarta, 2 de abril de 1997.

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Máquinas sobem mais que os alimentos

da Reportagem Local

Os preços de produtos agrícolas sofreram redução entre 6,4% e 8,7% ao ano entre 85 e 95.
Nesse mesmo período, o preço de um trator aumentou 0,95% ao ano.
A análise econômica usou o IGP-DI (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna), informa Luiz Cláudio Caffagni, engenheiro agrônomo, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP de Piracicaba (SP).
``A tendência de queda de preços é mundial'', afirma Caffagni.
De acordo com o pesquisador da Esalq, no final da década de 60 e início da de 70, a agricultura viveu um fenômeno conhecido como revolução verde, devido ao uso de insumos modernos no campo.
Houve ainda aumento de pesquisas, que desenvolveram sementes melhoradas, como também a utilização de fertilizantes.
Com todos esses implementos, a produtividade agrícola mundial aumentou.
A produção, segundo Caffagni, cresceu acima da previsão.
``Gerou um aumento maior de oferta do que de demanda. Os preços começaram a cair'', afirma o pesquisador da Esalq.
Para Caffagni, de 89 para cá, aconteceu uma certa estabilização de preços.
Ele acredita que uma nova elevação de preços está começando no mercado internacional e irá se refletir no comércio brasileiro.
Um dos motivos seria o aumento de consumo de alimentos por parte dos países asiáticos, principalmente a China.
O consumo irá provocar uma reação nos preços do trigo, milho e, principalmente, da soja, afirma Caffagni.
Produtividade
Para o professor de máquinas e mecanização agrícola da Unesp de Botucatu (SP), Carlos Antonio Gamero, o Brasil deveria substituir pelo menos 50 mil tratores por ano. Ele afirma que mais da metade dos tratores em operação hoje no país está sucateada.
Gamero diz que a agricultura brasileira também deveria consumir anualmente entre 4.000 e 5.000 colheitadeiras.
Em 96, segundo a Anfavea, foram vendidas 899 colheitadeiras. Em 95, a Anfavea registrou 1.423 colheitadeiras vendidas.
Em janeiro e fevereiro deste ano, foram vendidas 503 colheitadeiras, mais da metade do que foi vendido em todo o ano passado.
``Nossa produtividade é baixíssima'', afirma o professor.
A Argentina conseguiu nessa safra, em média, entre 10 t/ha e 11 t/ha de trigo, segundo ele.
No Brasil, diz, a média nacional varia entre 2 t/ha e 2,5 t/ha.

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