São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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AGROBUSINESS

Algodão ganha área recorde em Mato Grosso


ROBERTO DE OLIVEIRA
da Reportagem Local

Com uma topografia adequada à mecanização, clima favorável e alta produtividade, além de incentivos fiscais, o Estado de Mato Grosso mantém-se na liderança da produção de algodão e deve atingir volume recorde nesta safra de verão.
Os cotonicultores aumentaram a área destinada à cultura em 10%. Prevêem colher 687,4 mil t de pluma, 15% a mais que a passada. Caso se concretize, a produção responderá por 50% do algodão cultivado em todo o país.
Outro fator importante que beneficia o algodão no Estado é o rodízio de culturas, diz o especialista em cotonicultura do Cepea/Esalq/USP, Valter Bertini Galan.
"O algodão entra no lugar da soja. Lá, ao contrário de São Paulo e Paraná, regiões que dominavam a cultura no início da década, o produto é competitivo, mais barato e garante escala de produção."
Independentemente de o preço do algodão ter sofrido uma retração de 34% de 1995 para cá, a cultura vive fase de expansão em Mato Grosso porque, mesmo assim, garante lucro, afirma Galan.
O custo de produção vai de US$ 1.000/ha a US$ 1.100/ha para uma produtividade entre 200 arrobas/ ha e 220 arrobas/ha de algodão em caroço, ou de US$ 0,39 a US$ 0,44 por libra-peso (0,454 kg).
"A margem de lucro é de US$ 0,12 por libra-peso. Isso, este ano, quando os preços internacionais estavam em queda. Nos anteriores, o cotonicultor ganhou mais dinheiro", diz Galan.
Depois de enfrentar um cenário internacional de preços baixos, o algodão começa a ganhar fôlego no mercado externo devido à redução da produção norte-americana provocada pelo furacão Floyd. As perdas são avaliadas em pelo menos 108,8 mil t. Há ainda estragos causados pela estiagem, situações que poderão elevar o preço do algodão tanto lá fora como aqui.
"Por todo esse cenário, hoje o algodão é nossa cultura mais importante", diz Orlando Polato, 45, presidente da Polato Sementes, de Rondonópolis, que há 19 anos se dedica à sojicultura e à produção de sementes. Três anos atrás, começou a investir no algodão.
Polato reduziu a área de soja e ampliou a de algodão, que vai ocupar nesta safra de verão 10 mil ha. Em 98, foram 6 mil ha. Deverá colher cerca de 1 milhão de arroba de algodão em pluma.
"O investimento é muito alto. O risco, elevado, mas a margem de lucro é maior que a da soja", diz Polato, um dos produtores que compõem o novo perfil do empresário rural mato-grossense.




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