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SOL E CHUVA
Quebra do milho prejudica os suinocultores no Rio Grande do Sul; Paraná perde R$ 400 milhões
Seca arrasa as lavouras na região Sul
free-lance para a Folha
A estiagem provocada pelo fenômeno climático La Niña vem
trazendo prejuízos às lavouras no
Sul do país.
No Rio Grande do Sul, houve
uma redução significativa das
chuvas nos últimos meses, quadro que permanece inalterado
neste início de ano.
"A La Niña deslocou as chuvas
para o Sudeste e o Nordeste", diz
o presidente da Emater (Empresa
de Assistência Técnica e Extensão
Rural) gaúcha, Lino de David.
A região noroeste do Estado é a
mais afetada até o momento, segundo David.
Em dezembro, choveu cerca de
60 milímetros na região. A precipitação normal para esse mês é de
150 milímetros.
O noroeste gaúcho é responsável por 20% da produção de milho do Estado, que chega a 4 milhões de t na safra principal.
Os produtores locais estão prevendo uma perda de 38% da produção este ano, contra uma média de 9% em todo o Estado.
"Essa quebra tem impacto na
produção local de suínos, que absorve quase toda a produção gaúcha", diz David.
Segundo ele, o Estado, que importou cerca de 1 milhão de t do
grão no ano passado, deve repetir
as compras este ano.
Para atenuar as perdas, o governo deverá financiar o replantio
assim que a estiagem acabar.
A intenção é aumentar o volume colhido durante a safrinha,
produção de inverno.
Outras culturas, como o feijão,
também podem apresentar quebra na safra, segundo David.
Paraná
No Paraná, o Deral (Departamento de Economia Rural) contabiliza um prejuízo próximo a
R$ 400 milhões por causa da seca.
A safra de grãos deverá ter uma
quebra de 8,5% este ano.
Segundo a coordenadora do
Deral, Vera Zardo, houve, na última semana, chuvas isoladas em
algumas áreas do Estado.
"Mas o calor tem provocado a
rápida evaporação da água, que
não fica retida no solo", afirma.
Segundo ela, todas as regiões do
Paraná apresentam déficit de
chuva e "bolsões de seca".
Em Londrina, no norte, choveu
354 milímetros entre julho e dezembro últimos. A média para a
cidade fica entre 650 milímetros e
820 milímetros.
Em Campo Mourão, região
central, as precipitações atingiram 350 milímetros, contra uma
média entre 750 milímetros e 900
milímetros para o período.
Nas região de Ponta Grossa, no
sul do Estado, a média fica entre
775 milímetros e 925 milímetros.
No último semestre, no entanto,
choveu apenas 490 milímetros.
"Não foi a La Niña"
Segundo os meteorologistas, o
fenômeno La Niña não está diretamente relacionado às chuvas
que ocorreram na região Sudeste.
Na última semana, técnicos do
Inpe se reuniram para discutir o
assunto e não encontraram nenhum artigo científico que fizesse
a correlação. "Há uma tendência
a atribuir tudo o que ocorre de diferente no clima a fenômenos como a La Niña, mas isso não é verdade", diz o chefe do Cptec/ Inpe,
Carlos Nobre.
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