São Paulo, Terça-feira, 11 de Janeiro de 2000


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SOL E CHUVA
Quebra do milho prejudica os suinocultores no Rio Grande do Sul; Paraná perde R$ 400 milhões
Seca arrasa as lavouras na região Sul

free-lance para a Folha

A estiagem provocada pelo fenômeno climático La Niña vem trazendo prejuízos às lavouras no Sul do país.
No Rio Grande do Sul, houve uma redução significativa das chuvas nos últimos meses, quadro que permanece inalterado neste início de ano.
"A La Niña deslocou as chuvas para o Sudeste e o Nordeste", diz o presidente da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) gaúcha, Lino de David.
A região noroeste do Estado é a mais afetada até o momento, segundo David.
Em dezembro, choveu cerca de 60 milímetros na região. A precipitação normal para esse mês é de 150 milímetros.
O noroeste gaúcho é responsável por 20% da produção de milho do Estado, que chega a 4 milhões de t na safra principal.
Os produtores locais estão prevendo uma perda de 38% da produção este ano, contra uma média de 9% em todo o Estado.
"Essa quebra tem impacto na produção local de suínos, que absorve quase toda a produção gaúcha", diz David.
Segundo ele, o Estado, que importou cerca de 1 milhão de t do grão no ano passado, deve repetir as compras este ano.
Para atenuar as perdas, o governo deverá financiar o replantio assim que a estiagem acabar.
A intenção é aumentar o volume colhido durante a safrinha, produção de inverno.
Outras culturas, como o feijão, também podem apresentar quebra na safra, segundo David.

Paraná
No Paraná, o Deral (Departamento de Economia Rural) contabiliza um prejuízo próximo a R$ 400 milhões por causa da seca. A safra de grãos deverá ter uma quebra de 8,5% este ano.
Segundo a coordenadora do Deral, Vera Zardo, houve, na última semana, chuvas isoladas em algumas áreas do Estado.
"Mas o calor tem provocado a rápida evaporação da água, que não fica retida no solo", afirma.
Segundo ela, todas as regiões do Paraná apresentam déficit de chuva e "bolsões de seca".
Em Londrina, no norte, choveu 354 milímetros entre julho e dezembro últimos. A média para a cidade fica entre 650 milímetros e 820 milímetros.
Em Campo Mourão, região central, as precipitações atingiram 350 milímetros, contra uma média entre 750 milímetros e 900 milímetros para o período.
Nas região de Ponta Grossa, no sul do Estado, a média fica entre 775 milímetros e 925 milímetros. No último semestre, no entanto, choveu apenas 490 milímetros.

"Não foi a La Niña"
Segundo os meteorologistas, o fenômeno La Niña não está diretamente relacionado às chuvas que ocorreram na região Sudeste.
Na última semana, técnicos do Inpe se reuniram para discutir o assunto e não encontraram nenhum artigo científico que fizesse a correlação. "Há uma tendência a atribuir tudo o que ocorre de diferente no clima a fenômenos como a La Niña, mas isso não é verdade", diz o chefe do Cptec/ Inpe, Carlos Nobre.


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