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COLÔNIA
Fortuna das casas grandes foi feita com a opressão das senzalas
Cana-de-açúcar dominou o Nordeste por quatro séculos
BRUNO BLECHER
Editor do Agrofolha
Trazida ao
Brasil por Martim Afonso de
Souza, em 1532,
a cana-de-açúcar predominou
durante quatro
séculos e deixou
marcas profundas na estrutura
fundiária do país.
"A indústria do açúcar foi construída à base do trabalho escravo e
da grande propriedade", diz o historiador Evaldo Cabral de Mello.
Para Vera Lúcia Amaral, professora de história do Brasil da Universidade de São Paulo, a economia açucareira no período colonial
ajuda a entender o atraso do Nordeste de hoje.
"Algumas características daquela época ainda prevalecem na região, como o monopólio da terra
pelos grandes proprietários."
A história do açúcar no Brasil envolve não apenas portugueses e
brasileiros, como holandeses, negros e judeus.
Do engenho São Jorge dos Erasmos, em São Vicente, a cana se espalhou por todas as capitanias.
Mas foi nas faixas litorâneas no
Nordeste, principalmente em Pernambuco e na Bahia, que a cultura
encontrou as condições ideais para
a sua expansão.
Solo fértil
O massapê, terra preta e pegajosa
que se estende do Recôncavo Baiano ao Rio Grande do Norte, mostrou-se excelente para o plantio.
"A terra aqui é pegajenta e melada. Agarra-se ao homem com modos de garanhona. Mas ao mesmo
tempo parece sentir gosto em ser
pisada e ferida pelos pés da gente,
pelas patas dos bois e dos cavalos.
Deixa docemente marcar até pelo
pé de um menino que corra brincando, empinando um papagaio;
até pelas rodas de um cabriolé velho que vá aos solavancos de um
engenho de fogo-morto a uma estação da Great Western", descreve
o sociólogo Gilberto Freyre, autor
de várias obras sobre os engenhos
do Nordeste.
Nos solos férteis do massapê,
com capital de flamengos (holandeses), italianos e cristãos-novos
portugueses (judeus que se converteram ao catolicismo para escapar à perseguição da Inquisição na
Europa) e mão-de-obra escrava
começa, por volta de 1750, o primeiro grande surto açucareiro no
Nordeste.
Durante o século 17 e a maior
parte do século 18 o Brasil foi o
maior fornecedor mundial de açúcar. Os engenhos brasileiros produziam cerca de 75 mil t/ano.
Nessa época, o mercado de açúcar na Europa estava em franca expansão, mas quem dava as cartas
eram os grandes importadores.
"Amsterdã, Londres, Hamburgo,
Gênova exerciam grande poder na
fixação dos preços, por maiores
que fossem os esforços de Portugal
no sentido de monopolizar o produto mais rentável de sua colônia
americana", explica Bóris Fausto,
em "História do Brasil".
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