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"História de mesas cobertas de prata e louça fina"
da Redação
A fortuna do açúcar deu aos senhores de engenho um considerável poder econômico, social e político na vida da Colônia.
Essa opulência é retratada por
Gilberto Freyre em "Casa Grande e
Senzala".
"História de jantares comidos a
garfo, requintado instrumento
ainda tão pouco em uso nas cortes
européias. De mesas cobertas de
prata e de louça fina. De camas forradas com riquíssimas colchas de
seda. De portas com fechaduras de
ouro. De senhoras cobertas de pedras preciosas."
Casa grande e senzala
O luxo na casa grande foi sustentado pela opressão da senzala.
Nas décadas de 1550 e 1560, relata
Boris Fausto, quase não havia africanos nos engenhos do Nordeste.
A mão-de-obra praticamente era
constituída por escravos índios.
O desenvolvimento da indústria
açucareira acelerou o tráfico de escravos da África.
Com base em registros de jesuítas e beneditinos, estima-se que
um grande engenho, que produzia
10 mil arrobas de açúcar branco
por ano, teria cerca de 200 escravos, diz a historiadora Vera Lúcia
Amaral.
"Os escravos são as mãos e os pés
do senhor do engenho, porque
sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda
(riqueza), nem ter engenho corrente", justificava um cronista da
época, o jesuíta e proprietário de
engenho André João Antonil, em
"Cultura e Opulência do Brasil",
publicação licenciada pelo Santo
Ofício em 1710.
O açúcar foi o estopim da invasão holandesa em Pernambuco
(1630).
O comércio do açúcar brasileiro
na Europa estava nas mãos dos holandeses, que foram prejudicados
com a união das coroas ibéricas
(Portugal e Espanha) no período
entre 1580 e 1640.
Nessa época, Espanha e Holanda
estavam em guerra.
Omer Mont'Alegre, no livro
"Açúcar e Capital", conta que foram os holandeses então instalados no Brasil que convenceram os
agricultores ingleses que operavam nas Antilhas a cultivar a cana-de-açúcar.
"Mudas retiradas do Brasil serviram para a formação dos primeiros canaviais, informações sobre
processos e práticas agrícolas, fornecimento de engenhos completos", relata o autor.
A partir daí, o açúcar brasileiro
na Europa passou a enfrentar a
forte concorrência da produção
das Antilhas.
Napoleão e a beterraba
No início do século 19, o conflito
entre a França e a Inglaterra desfechou mais um duro golpe ao comércio do açúcar brasileiro.
Napoleão ordenou o bloqueio
contra os navios de todos os países
que negociavam com a Inglaterra,
impedindo o desembarque do açúcar brasileiro nos portos europeus.
Por essa época também o químico prussiano André Sigismundo
Marggraf, com o apoio de Napoleão, começou a desenvolver experiências para a extração de açúcar
da beterraba.
Anos mais tarde, o açúcar da beterraba invadiu o mercado europeu. Em 1840, o açúcar de cana dominava 90% do mercado mundial.
Em 1880, a produção de açúcar de
beterraba alcançava a de açúcar de
cana.
(BB)
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