São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

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Produtor russo atinge boa produtividade em Mato Grosso

DO ENVIADO ESPECIAL A MATO GROSSO

No município de Campo Verde, a 135 km de Cuiabá (MT), um produtor de família de origem russa, está conseguindo diversificar a sua produção e obter uma excelente produtividade nas lavouras de soja e de milho.
Safroni Kilin, 41, chegou ao Brasil na década de 60 com a família, que instalou-se na região de Ponta Grossa (PR), por conta do clima, mais ameno.
Em situação financeira difícil, a família migrou para os EUA poucos anos depois. Quando o pai, Vasili, juntou dinheiro suficiente, voltaram ao Brasil, dessa vez para o Centro-Oeste, onde as terras eram mais baratas.
Depois de uma passagem por Mato Grosso do Sul, a família Kilin instalou-se em 1973 em Primavera do Leste (MT), onde possui uma propriedade até hoje.
Atualmente, Safroni é dono de outra fazenda em Campo Verde. Juntando as duas propriedades, cultiva cerca de 500 ha de soja, 400 ha de milho e 600 ha de algodão, além de feijão, painço e sorgo.
Apesar do estilo de vida simples, Safroni é um produtor tecnificado, que consegue produzir 54 sacas/ha de soja e 77 sacas/ha de milho, desempenho que considera excelente. Ele tira ainda de seus campos de algodão 15 arrobas/ha.
Safroni atribui o bom rendimento ao trabalho duro e ao incremento de novas tecnologias na lavoura, como a aquisição de máquinas agrícolas modernas, produção em sistema de plantio direto, entre outros fatores.
"Hoje, ou você vai para o caminho que a agricultura está seguindo ou você pára. Não tem mais como abrir espaço para novas áreas para cultivo, então o jeito é aumentar a produtividade", diz.

Fuga da Rússia
Católicos ortodoxos, os avós de Safroni saíram da região de Vladvostok, na antiga União Soviética, fugindo da repressão do regime comunista.
Instalaram-se na região da Manchúria, na China, onde permaneceram sobrevivendo do cultivo de trigo, arroz, batata e da caça de animais selvagens.
Um ano depois do nascimento de Safroni, a família rumou para Hong Kong, pensando em preparar o processo de imigração para a América do Sul.
"Meu pai conta que éramos para desembarcar em Buenos Aires. De repente, aportamos em Santos e fomos deslocados para Ponta Grossa", afirma.
Junto com eles, vieram para o país várias outras famílias de católicos ortodoxos. Alguns parentes, no entanto, decidiram ir para a região de Memphis, nos EUA.
Hoje, vive na região de Primavera do Leste uma comunidade de cerca de 40 famílias cristãs ortodoxas de origem russa. (FEM)


FÁBIO EDUARDO MURAKAWA e MARCELO MIN viajaram a convite da Case IH



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