São Paulo, Terça-feira, 15 de Junho de 1999
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LARANJA
Receita com venda externa deve ser de US$ 1,5 bilhão, mas cancro cítrico e amarelinho preocupam produtor
Exportação de suco deve bater recorde

ROBERTO DE OLIVEIRA
da Reportagem Local

Maior produtor mundial de suco de laranja, o Brasil deve exportar neste ano-safra 1,230 milhão de t, volume recorde da história.
A receita com as vendas externas deve render US$ 1,5 bilhão, caso as cotações internacionais do suco mantenham os indicadores atuais. O dinheiro é suficiente para comprar, por exemplo, 206 mil carros "populares", como o Gol Special.
O suco de laranja está entre os principais itens da pauta de exportação brasileira e do Estado de São Paulo. É o oitavo produto em importância nacional.
De cada dez copos de suco de laranja que se tomam no mundo, fora os EUA, oito são brasileiros. A expansão citrícola nacional cruzou as fronteiras e fez parcerias com gigantes como a Coca-Cola.
Atualmente 35% da capacidade de processamento de suco de laranja dos EUA, segundo maior produtor mundial, está nas mãos de indústrias antes instaladas somente por aqui (multinacionais e brasileiras), num fenômeno chamado pelo USDA (Departamento da Agricultura dos EUA) de "conexão brasileira".

Ameaça aos pomares
No entanto o que preocupa citricultores e indústria é a produção do próximo ano, que pode sofrer um grande abalo em consequência da erradicação de árvores por causa de cancro cítrico e amarelinho.
Somente este ano, cerca de 2,5 milhões de árvores de laranja vão ser erradicados, com impacto na produção da próxima colheita.
Considerada a pior doença que ataca os pomares, o cancro cítrico ainda não tem cura e já provocou prejuízos de US$ 500 milhões.
Manchas amarelas, que crescem aos poucos e adquirem coloração marrom no centro, estão entre os sintomas provocados pelo cancro.
A única medida de exterminar a bactéria que causa a doença é arrancar a planta contaminada e outras num raio de 30 metros.
Diante dessa medida, muitos agricultores se recusam a comunicar novos focos aos órgãos de controle da doença, o que acaba colaborando para a proliferação ainda maior do cancro no interior.
Países que tentaram conviver com a doença sofreram fortes restrições comerciais, chegando a inviabilizar a produção citrícola.
Ao contrário do cancro, o amarelinho é passível de convivência, apesar de também ainda ser incurável. Provoca redução na produção, além de tornar as frutas imprestáveis para o comércio. A doença também leva a planta à morte.
As duas doenças, entre outros fatores, foram responsáveis, somente nos últimos três anos, pela erradicação de 18 milhões de pés de laranja, que deixaram de produzir 45 milhões de caixas, ou 11,6% do que será colhido nesta safra.


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