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LARANJA
Receita com venda externa deve ser de US$ 1,5 bilhão, mas cancro cítrico e amarelinho preocupam produtor
Exportação de suco deve bater recorde
ROBERTO DE OLIVEIRA
da Reportagem Local
Maior produtor mundial de suco
de laranja, o Brasil deve exportar
neste ano-safra 1,230 milhão de t,
volume recorde da história.
A receita com as vendas externas
deve render US$ 1,5 bilhão, caso as
cotações internacionais do suco
mantenham os indicadores atuais.
O dinheiro é suficiente para comprar, por exemplo, 206 mil carros
"populares", como o Gol Special.
O suco de laranja está entre os
principais itens da pauta de exportação brasileira e do Estado de São
Paulo. É o oitavo produto em importância nacional.
De cada dez copos de suco de laranja que se tomam no mundo, fora os EUA, oito são brasileiros. A
expansão citrícola nacional cruzou
as fronteiras e fez parcerias com gigantes como a Coca-Cola.
Atualmente 35% da capacidade
de processamento de suco de laranja dos EUA, segundo maior
produtor mundial, está nas mãos
de indústrias antes instaladas somente por aqui (multinacionais e
brasileiras), num fenômeno chamado pelo USDA (Departamento
da Agricultura dos EUA) de "conexão brasileira".
Ameaça aos pomares
No entanto o que preocupa citricultores e indústria é a produção
do próximo ano, que pode sofrer
um grande abalo em consequência
da erradicação de árvores por causa de cancro cítrico e amarelinho.
Somente este ano, cerca de 2,5
milhões de árvores de laranja vão
ser erradicados, com impacto na
produção da próxima colheita.
Considerada a pior doença que
ataca os pomares, o cancro cítrico
ainda não tem cura e já provocou
prejuízos de US$ 500 milhões.
Manchas amarelas, que crescem
aos poucos e adquirem coloração
marrom no centro, estão entre os
sintomas provocados pelo cancro.
A única medida de exterminar a
bactéria que causa a doença é arrancar a planta contaminada e outras num raio de 30 metros.
Diante dessa medida, muitos
agricultores se recusam a comunicar novos focos aos órgãos de controle da doença, o que acaba colaborando para a proliferação ainda
maior do cancro no interior.
Países que tentaram conviver
com a doença sofreram fortes restrições comerciais, chegando a inviabilizar a produção citrícola.
Ao contrário do cancro, o amarelinho é passível de convivência,
apesar de também ainda ser incurável. Provoca redução na produção, além de tornar as frutas imprestáveis para o comércio. A
doença também leva a planta à
morte.
As duas doenças, entre outros fatores, foram responsáveis, somente nos últimos três anos, pela erradicação de 18 milhões de pés de laranja, que deixaram de produzir 45
milhões de caixas, ou 11,6% do que
será colhido nesta safra.
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