São Paulo, Terça-feira, 15 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produtor reclama do preço da laranja

da Reportagem Local

Apesar de os pomares já estarem prontos para a colheita desta safra de laranja, estimada em 388 milhões de caixas de 40,8 kg, as indústrias processadoras de suco ainda não definiram o preço a ser pago pela fruta.
Na safra passada, os citricultores conseguiram um bom preço pela caixa, entre R$ 4,80 e R$ 5, valores bem acima dos obtidos na colheita de 1997, que ficaram em torno de R$ 2,80. A redução da safra de 98 (330 milhões de caixas) favoreceu a alta.
Valdir Vertuan, presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), diz que o custo de produção da caixa de laranja aumentou este ano em consequência da desvalorização do real, que acabou provocando alta de preços dos insumos. "Boa parte da matéria-prima desses produtos é importada. Tudo é cotado em dólar."
De acordo com Vertuan, o produtor tem um custo de produção de US$ 2 por caixa, valor que não envolve os gastos com a colheita da laranja nem com o seu transporte.
Os insumos são responsáveis por cerca de 60% do valor do custo de produção da caixa de laranja.
Com a proliferação de doenças citrícolas, como o cancro cítrico e o amarelinho, o produtor não pode deixar de investir nos pomares para poder manter a produção, segundo sindicatos citrícolas de diversas regiões do Estado.
Alguns citricultores fecharam, no ano passado, contratos de entrega da laranja, com preço fixado em dólar, para esta safra.
Em alguns contratos, a indústria assumiu o compromisso de pagar US$ 3, em média, pela caixa de 40,8 kg mais o frete de transporte da fruta até a fábrica.
"Só que elas estão liberando o citricultor para vender a fruta no mercado interno, quebrando o contrato", afirma o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Taquaritinga, uma das principais regiões produtoras de laranja do Estado de São Paulo, Marco Antonio dos Santos, 36.
A indústria nega quebra de contratos. As negociações sobre o preço da laranja deverão começar a acontecer somente no mês que vem, quando ela inicia o processamento em massa da fruta.
"Esperamos um preço mínimo de US$ 3 pela caixa. Mas o produtor está numa situação difícil. Ele não sabe o que vai acontecer", diz.
O presidente do sindicato faz um alerta: "A safra não será tão grande assim como a indústria está prevendo. Os estragos provocados pelo amarelinho são incalculáveis no interior paulista", diz Santos.
Na opinião do citricultor José Valério, 50, que mantém 200 ha de laranja em fazendas de Taquaritinga e Borborema, as perspectivas para o citricultor serão péssimas.
Com previsão de colher 200 mil caixas nesta safra, Valério afirma que ao mesmo tempo em que o citricultor precisa investir mais em seus pomares por causa das doenças ele deve receber menos pelo produto nesta temporada.


Texto Anterior: Laranja: Exportação de suco deve bater recorde
Próximo Texto: Painel rural
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.