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Produtor reclama do preço da laranja
da Reportagem Local
Apesar de os pomares já estarem
prontos para a colheita desta safra
de laranja, estimada em 388 milhões de caixas de 40,8 kg, as indústrias processadoras de suco
ainda não definiram o preço a ser
pago pela fruta.
Na safra passada, os citricultores
conseguiram um bom preço pela
caixa, entre R$ 4,80 e R$ 5, valores
bem acima dos obtidos na colheita
de 1997, que ficaram em torno de
R$ 2,80. A redução da safra de 98
(330 milhões de caixas) favoreceu
a alta.
Valdir Vertuan, presidente da
Associtrus (Associação Brasileira
de Citricultores), diz que o custo
de produção da caixa de laranja
aumentou este ano em consequência da desvalorização do real, que
acabou provocando alta de preços
dos insumos. "Boa parte da matéria-prima desses produtos é importada. Tudo é cotado em dólar."
De acordo com Vertuan, o produtor tem um custo de produção
de US$ 2 por caixa, valor que não
envolve os gastos com a colheita da
laranja nem com o seu transporte.
Os insumos são responsáveis por
cerca de 60% do valor do custo de
produção da caixa de laranja.
Com a proliferação de doenças
citrícolas, como o cancro cítrico e
o amarelinho, o produtor não pode deixar de investir nos pomares
para poder manter a produção, segundo sindicatos citrícolas de diversas regiões do Estado.
Alguns citricultores fecharam,
no ano passado, contratos de entrega da laranja, com preço fixado
em dólar, para esta safra.
Em alguns contratos, a indústria
assumiu o compromisso de pagar
US$ 3, em média, pela caixa de 40,8
kg mais o frete de transporte da
fruta até a fábrica.
"Só que elas estão liberando o citricultor para vender a fruta no
mercado interno, quebrando o
contrato", afirma o presidente do
Sindicato dos Produtores Rurais
de Taquaritinga, uma das principais regiões produtoras de laranja
do Estado de São Paulo, Marco Antonio dos Santos, 36.
A indústria nega quebra de contratos. As negociações sobre o preço da laranja deverão começar a
acontecer somente no mês que
vem, quando ela inicia o processamento em massa da fruta.
"Esperamos um preço mínimo
de US$ 3 pela caixa. Mas o produtor está numa situação difícil. Ele
não sabe o que vai acontecer", diz.
O presidente do sindicato faz um
alerta: "A safra não será tão grande
assim como a indústria está prevendo. Os estragos provocados pelo amarelinho são incalculáveis no
interior paulista", diz Santos.
Na opinião do citricultor José
Valério, 50, que mantém 200 ha de
laranja em fazendas de Taquaritinga e Borborema, as perspectivas
para o citricultor serão péssimas.
Com previsão de colher 200 mil
caixas nesta safra, Valério afirma
que ao mesmo tempo em que o citricultor precisa investir mais em
seus pomares por causa das doenças ele deve receber menos pelo
produto nesta temporada.
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