São Paulo, Terça-feira, 15 de Junho de 1999 |
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PRODUÇÃO Agricultores de Atibaia apostam em inverno para compensar perdas Clima frio deve favorecer esta safra de morango
MARCELO BARTOLOMEI Editor-assistente da Folha Campinas A alta do dólar e a consequente desvalorização do real no início do ano deve manter a venda de morangos produzidos na região de Atibaia (a 65 km de São Paulo) no mesmo índice do ano passado, apesar da redução de área. A previsão é da Associação dos Produtores de Morango e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região. Os produtores não falam em valores, mas esperam que a produção cubra os seus custos. A produção do morango deve ser beneficiada também pelo clima deste ano. De acordo com o engenheiro agrônomo Péricles Capello Cruz, 54, chefe da Casa da Agricultura de Atibaia, a temperatura ideal para a produção de morango e para evitar o aparecimento de doenças é de 15C. "À noite essa temperatura vem sido mantida. Além disso, o sol não está muito quente durante o dia", disse Cruz. Segundo o agrônomo, uma boa temperatura inibe o uso de agrotóxicos. A associação informou que os produtores têm utilizado defensivos nas plantações a cada 15 dias. Neste ano, serão plantados 25 milhões de pés de morango nos municípios de Atibaia, Jarinu, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista e Jundiaí. Em 98, foram plantados 33 milhões de pés, o que representa uma redução de 25%. Mesmo com a redução na quantidade de pés plantados, a produção deve ser maior neste ano. É que os produtores apostam em uma nova variedade da hortaliça, o oso grande, um morango importado dos EUA e adaptado no Brasil. Serão plantados 5 milhões de pés da nova variedade este ano. Cada pé do oso grande deve render 800 gramas de morango. Atualmente, a produção de morango na região de Atibaia representa 5% no mercado nacional. No final de julho e nos meses de agosto e setembro, no entanto, a produção atinge seu auge e passa a representar 25% do mercado, a maior do país no período. Na década de 80, a região de Atibaia respondia por 50% do mercado nacional. Na época, eram plantados 40 milhões de pés por ano. Insumos mais caros Produtos como adubos e defensivos agrícolas, segundo o presidente da associação, Élcio Donizete Spinassi, 36, sofreram aumentos de 50% a 60%. "O plantio foi afetado porque a alta do dólar ocorreu justamente no período em que iniciamos o planejamento da safra", disse Spinassi, que também é produtor em Atibaia. O produtor João Francisco Brulu, 46, de Jarinu (a 70 km de São Paulo), disse que gasta cerca de R$ 8.000 com adubos e defensivos por ha de morango plantado. Esse gasto equivale a 32% do custo total de 1 ha de morango, que é de R$ 25 mil. Cada ha tem 10 mil m2 e comporta 65 mil pés. "Nenhum produtor tinha preparado estoque de adubo e de defensivos, e a alta do dólar prejudicou o plantio", afirmou Brulu, responsável por uma área de 75 mil pés. A produção de morango começou a apresentar uma queda há quatro anos. A redução, o aumento nos gastos, alterações climáticas e a concorrência com outras regiões produtoras do país obrigaram alguns produtores a diversificar o ramo de atuação. É o caso do produtor Mário Inui, 45, que trabalha com morango desde 1969 em Atibaia. Segundo ele, a crise o obrigou a plantar somente 1 ha de morango e 2 ha de flores. "É uma maneira de sobreviver", disse o produtor. Texto Anterior: Agenda Próximo Texto: Produtores paulistas apostam em nova variedade Índice |
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