São Paulo, Terça-feira, 15 de Junho de 1999
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AGROBUSINESS

Seca baiana faz agricultor virar retirante

LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

Para recuperar parte dos prejuízos provocados pela estiagem que atinge a região há três anos, cerca de 500 produtores rurais de Irecê, principal município do semi-árido baiano, estão vivendo como "retirantes".
Os agricultores aproveitam as chuvas de inverno que atingem o nordeste do Estado entre maio e julho, saem de suas fazendas e vão plantar feijão e milho em outras 43 cidades da região.
"Eles (os agricultores) arrendam as terras ou fazem o plantio em sociedade com o proprietário", disse o chefe do departamento agrícola da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), José Mendes.
Segundo Mendes, no ano passado os "retirantes" conseguiram produzir entre 800 e 1.000 quilos por hectare plantado.
"A produtividade é muito boa para a época", disse o chefe do departamento agrícola da EBDA, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura da Bahia.
No ano passado, a produtividade média em Irecê (473 km a noroeste de Salvador) foi de 415 quilos por hectare.
Além do feijão, os agricultores de Irecê também estão plantando mandioca e milho nessas 43 cidades da região nordeste da Bahia. Com a mudança, Ribeira do Pombal (285 km ao norte de Salvador) deve se transformar neste ano no município com maior produção de feijão na Bahia, superando Irecê.
A Secretaria da Agricultura também está desenvolvendo um programa para ajudar os pequenos produtores rurais do Estado.
"Estamos distribuindo sementes na época do plantio", declarou José Mendes. Os agricultores beneficiados recebem 25 quilos de feijão e oito de milho.
"Os pequenos agricultores são os mais prejudicados pela estiagem, já que não têm acesso à liberação de crédito", disse Mendes.
No ano passado, a Secretaria da Agricultura da Bahia distribuiu aos pequenos agricultores 1.100 t de feijão, 839 t de milho e 60 t de feijão de corda.
"Cerca de 40 mil pequenos produtores espalhados em 202 municípios foram beneficiados pelo projeto", disse José Mendes.

Oeste
Em Barreiras (805 km a oeste de Salvador), a estiagem também provocou queda na safra agrícola.
O município, que cultiva principalmente soja em sequeiro, colheu cerca de 900 mil t do produto -a expectativa inicial era de uma produção de 1,3 milhão de t.
Depois da queda na produção, os agricultores da região começaram a plantar também café irrigado.
O plantio de café irrigado contribuiu para amenizar os prejuízos provocados pela seca aos agricultores de Barreiras. Segundo a Secretaria da Agricultura da Bahia, Barreiras tem o café mais produtivo do país. Em média, os produtores estão colhendo 120 sacas por hectare -sem a irrigação, a média cai para 40 sacas.
Os técnicos atribuem a alta produtividade à falta de inverno, que altera o metabolismo da planta.

Sul
Já em Vitória da Conquista, principal produtor de café da Bahia, os agricultores esperam uma safra de 300 mil sacas neste ano.
""As chuvas deste mês ajudaram muito. Se não tivesse chovido em fevereiro e março, nossa expectativa de colher 300 mil sacas já teria caído por terra", disse o chefe de gabinete da Prefeitura de Vitória da Conquista (505 km a sudoeste de Salvador), Hélio Ribeiro Santos.
No ano passado, a região produziu 500 mil sacas de café contra uma expectativa inicial de um milhão de sacas. Além do café, a região de Vitória da Conquista vive da produção de mandioca e da criação de gado.


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