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AGROBUSINESS
Seca baiana faz agricultor virar retirante
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
Para recuperar parte dos prejuízos provocados pela estiagem que
atinge a região há três anos, cerca
de 500 produtores rurais de Irecê,
principal município do semi-árido
baiano, estão vivendo como "retirantes".
Os agricultores aproveitam as
chuvas de inverno que atingem o
nordeste do Estado entre maio e
julho, saem de suas fazendas e vão
plantar feijão e milho em outras 43
cidades da região.
"Eles (os agricultores) arrendam
as terras ou fazem o plantio em sociedade com o proprietário", disse
o chefe do departamento agrícola
da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), José
Mendes.
Segundo Mendes, no ano passado os "retirantes" conseguiram
produzir entre 800 e 1.000 quilos
por hectare plantado.
"A produtividade é muito boa
para a época", disse o chefe do departamento agrícola da EBDA, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura da Bahia.
No ano passado, a produtividade
média em Irecê (473 km a noroeste
de Salvador) foi de 415 quilos por
hectare.
Além do feijão, os agricultores de
Irecê também estão plantando
mandioca e milho nessas 43 cidades da região nordeste da Bahia.
Com a mudança, Ribeira do Pombal (285 km ao norte de Salvador)
deve se transformar neste ano no
município com maior produção de
feijão na Bahia, superando Irecê.
A Secretaria da Agricultura também está desenvolvendo um programa para ajudar os pequenos
produtores rurais do Estado.
"Estamos distribuindo sementes
na época do plantio", declarou José Mendes. Os agricultores beneficiados recebem 25 quilos de feijão
e oito de milho.
"Os pequenos agricultores são os
mais prejudicados pela estiagem,
já que não têm acesso à liberação
de crédito", disse Mendes.
No ano passado, a Secretaria da
Agricultura da Bahia distribuiu
aos pequenos agricultores 1.100 t
de feijão, 839 t de milho e 60 t de
feijão de corda.
"Cerca de 40 mil pequenos produtores espalhados em 202 municípios foram beneficiados pelo
projeto", disse José Mendes.
Oeste
Em Barreiras (805 km a oeste de
Salvador), a estiagem também
provocou queda na safra agrícola.
O município, que cultiva principalmente soja em sequeiro, colheu
cerca de 900 mil t do produto -a
expectativa inicial era de uma produção de 1,3 milhão de t.
Depois da queda na produção, os
agricultores da região começaram
a plantar também café irrigado.
O plantio de café irrigado contribuiu para amenizar os prejuízos
provocados pela seca aos agricultores de Barreiras. Segundo a Secretaria da Agricultura da Bahia,
Barreiras tem o café mais produtivo do país. Em média, os produtores estão colhendo 120 sacas por
hectare -sem a irrigação, a média
cai para 40 sacas.
Os técnicos atribuem a alta produtividade à falta de inverno, que
altera o metabolismo da planta.
Sul
Já em Vitória da Conquista, principal produtor de café da Bahia, os
agricultores esperam uma safra de
300 mil sacas neste ano.
""As chuvas deste mês ajudaram
muito. Se não tivesse chovido em
fevereiro e março, nossa expectativa de colher 300 mil sacas já teria
caído por terra", disse o chefe de
gabinete da Prefeitura de Vitória
da Conquista (505 km a sudoeste
de Salvador), Hélio Ribeiro Santos.
No ano passado, a região produziu 500 mil sacas de café contra
uma expectativa inicial de um milhão de sacas. Além do café, a região de Vitória da Conquista vive
da produção de mandioca e da
criação de gado.
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