São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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CAVALGADA
Cavaleiros percorrem 430 km entre Minas e SP, refazendo trajeto dos colonizadores pelo interior
Marcha revive a saga do mangalarga

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Redação

Percorrer 200 anos da história do Brasil em 430 quilômetros de cavalgada. Essa é a disposição dos cerca de cem cavaleiros que partem amanhã do município de Cruzília, no Sul de Minas Gerais, para Orlândia, nordeste de São Paulo, onde devem chegar no dia 31 deste mês.
A cavalgada refaz o trajeto dos colonizadores do nordeste paulista, homenageando a raça nacional mangalarga, que teve papel determinante no povoamento dessas regiões e está ligada a fatos importantes da história brasileira.
Na vinda da Família Real Portuguesa, em 1806, na Revolta Liberal de 1842 e na Revolução Paulista de 32, o mangalarga, de uma forma ou de outra, esteve presente.
"A história do mangalarga se confunde com a do Brasil, pois ele foi usado na colonização. Por isso a idéia de comemorar os 500 anos do descobrimento com a cavalgada", afirma Eduardo Cintra, organizador do "Raid Mangalarga - A História de uma Raça".
A largada será amanhã à tarde na fazenda Favacho, em Cruzília, onde o mangalarga se originou a partir de uma raça trazida para o Brasil pela Família Real.
O percurso, praticamente todo em estradas de terra, inclui fazendas nos municípios mineiros de São Tomé das Letras, Três Corações, Alfenas, Muzambinho e Guaxupé entre outros. No Estado de São Paulo, os cavaleiros passarão por Altinópolis e Batatais.
A rota foi utilizada pelas famílias portuguesas e brasileiras que colonizaram o interior.
Segundo Cintra, serão percorridos cerca de 45 km por dia, com paradas em fazendas ou hotéis.
O destino final será Orlândia (370 km de São Paulo), cidade do nordeste paulista que se tornou uma espécie de meca dos criadores da raça.
Em 1932, a força e a importância do cavalo já era tanta em SP que ele foi usado pelos fazendeiros na formação de um dos regimento da chamada Revolução Paulista.
A cavalgada deverá ainda se constituir em mais uma prova do circuito hípico brasileiro. Ela também servirá para monitorar o desempenho da raça, que se aprimorou com o tempo.
"Faremos um acompanhamento técnico dos animais", diz Cintra, que é membro do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, que apóia o evento.
De acordo com a associação, o mangalarga, além da resistência aliada à agilidade, tem como característica básica a docilidade. É um animal de sela por excelência, com membros e garupa fortes. Um bom reprodutor pode custar até R$ 150 mil.
Cintra irá participar da cavalgada com a mulher, Helena, e com a filha Ana, de 11 anos.


Onde saber mais - Fazenda Sant'ana, tels. 0/xx/19/870-2311



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