São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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HISTÓRIA

Cavalo chegou ao país com d. João 6º e participou da Revolução de 1932

da Redação

A saga do cavalo mangalarga começa no início do século passado. Junto com o príncipe regente d. João 6º e sua corte, que fugiam de Napoleão Bonaparte, em 1806 chegaram ao Brasil os cavalos da raça álter criados em Portugal.
Esses animais acabaram sendo utilizados em cruzamentos que os aperfeiçoava para o trabalho nas fazendas, engenhos e minas.
Posteriormente, as raças árabe, puro-sangue inglês e anglo-árabe também foram adicionadas à mistura por criadores.
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, a família Junqueira é a principal responsável pelo surgimento da raça, originalmente em fazendas do Sul de Minas Gerais.
Conta o fazendeiro Eduardo Diniz Junqueira, 73, que por volta de 1820 a coudelaria do Campo, em Ouro Preto (MG), já tinha cavalos de Gabriel Francisco Junqueira, o barão de Alfenas. "Foi por influência dessa coudelaria que surgiram animais melhorados", diz.
Segundo ele, a origem do nome está ligada à uma fazenda homônima do Rio de Janeiro.
"No Sul de Minas, os Junqueira venderam cavalos para o dono da fazenda Mangalarga, próxima de Vassouras (RJ). Por causa disso, as pessoas da corte começaram a ir para Minas comprar animais."
Com o declínio da atividade mineradora, as famílias, entre elas os Junqueira da fazenda Favacho, migraram para o interior de São Paulo e levaram os cavalos mangalarga, que seriam fundamentais na colonização, que teve como base a agricultura.
"Esse pessoal deixou a mineração para se dedicar à atividade agrícola em São Paulo", diz o professor Walter Cardoso, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), campus de Franca.
Até então, final do século 18 e início do 19, o nordeste paulista servia apenas como rota para o caminho das minas de Goiás.
"A região não se povoou de maneira efetiva no século 18. Só com a chegada dos migrantes, dinâmicos e cheios de iniciativa, é que aconteceu a colonização", diz Cardoso.
Ainda no século passado, o mangalarga teve participação em outro fato histórico: a Revolta Liberal de 1842, durante o Segundo Reinado.
O barão de Alfenas, um dos criadores da raça, estava entre os líderes do movimento, que acabou sendo reprimido no Sul de Minas pelo Duque de Caxias.
Já neste século, com os Junqueira plenamente estabelecidos na chamada Alta Mogiana (região nordeste de São Paulo), o mangalarga foi utilizado pelas tropas paulistas que lutaram na Revolução de 32, que uniu agricultores, industriais e a classe média. (JAB)


Onde saber mais: www.cavalomangalarga.com.br



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