São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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AGROBUSINESS

Tecnologia sustenta emprego na pecuária

Evelson de Freitas/Folha Imagem
Otávio V. Balsadi, do Seade, e Walter Belik, da Unicamp, responsáveis pela pesquisa sobre a demanda de mão-de-obra no campo


SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local

Ao contrário do que ocorre na maioria dos setores da economia, a mudança do perfil da pecuária, com a incorporação de tecnologias de manejo avançadas, contribui para a manutenção do emprego nas fazendas e até provoca um ligeiro aumento da mão-de-obra assalariada.
Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pelo Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), com apoio da FNP Consultoria e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Enquanto a agricultura desempregou 766,4 mil pessoas entre 97 e 98, a pecuária de corte teve aumento da mão-de-obra (0,66%).
"Isso é consequência da mudança do perfil do setor", explicam os pesquisadores Walter Belik, professor da Unicamp, e Otávio Balsadi, do Seade.
""A pecuária está saindo do modelo extensivo para o intensivo e é necessária mão-de-obra para formar pastos, fazer o manejo, etc."
Quando o gado vivia solto no pasto, um peão cuidava de 300 bois. Hoje, em um confinamento, para fazer ração, dar remédios e controlar o rodízio de pastagem, são necessários pelo menos dez homens, completa José Vicente Ferraz, da FNP Consultoria.
No caso da pecuária leiteira, os números da pesquisa indicam uma pequena queda (1,32%) no nível do emprego. Em 97, as fazendas de leite empregavam 743.619 trabalhadores, número que caiu para 733.742 em 98.
Para os pesquisadores, esses números demonstram um quadro de estabilidade.
Sebastião Teixeira Gomes, professor da Universidade Federal de Viçosa (MG), diz que a pecuária leiteira não deverá diminuir os seus postos de trabalho este ano.
""A decadência do leite em São Paulo e no Sul de Minas está cedendo lugar para uma pecuária competitiva em Goiás e em Mato Grosso. Já os pequenos produtores não tem opção. Alguns diversificam, outros caem na informalidade, mas todos continuam no leite, pois não há mais emprego nas cidades", diz o professor.


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