São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2001

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COLÔNIA AGRÍCOLA

Trabalho no campo colabora para a reabilitação dos detentos, além de reduzir despesas com alimentos

Presídios produzem parte da sua comida

ANDRÉ MESQUITA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Destinadas aos presos de pequena periculosidade e também aos que cumprem o estágio final da pena, as colônias penais agrícolas têm por objetivo reabilitar os detentos, chamados de reeducandos, por meio da produção de alimentos.
O trabalho dessas instituições também contribui para a redução dos gastos públicos no sistema penitenciário.
Segundo dados do Ministério da Justiça, o Brasil possui apenas 22 colônias agrícolas em um total de 862 estabelecimentos penitenciários.
Considerada uma das principais unidades do Estado de São Paulo, o Instituto Penal Agrícola de Bauru conta com uma área de 666 hectares, onde cerca de 200 detentos trabalham em diversas áreas da produção agropecuária.
"Temos aqui desde a plantação de hortaliças até a criação de bovinos e suínos, que abastecem a nossa unidade", diz Gilberto de Oliveira, diretor da colônia penal.
Com 700 presos, a colônia de Bauru, de regime semi-aberto, também possui 200 detentos encarregados em executar serviços externos, como a construção civil.
Os que trabalham fora recebem cerca de R$ 140 por mês, sendo que 20% desse valor é repassado para os que trabalham na agricultura e depositado na chamada conta-pecúlio.
Oliveira explica que, a cada três dias trabalhados, os detentos ganham um dia de remissão.

Hábito saudável
"Participar da produção da colônia é um hábito saudável, que funciona como uma espécie de terapia e resgata a auto-estima do reeducando", explica.
A colônia produz cerca de 7.000 kg de hortaliças por mês. Cerca de 26 hectares são destinados à produção de milho.
"Pelo menos 30% da produção de hortaliças é repassada para instituições filantrópicas da região", diz o diretor.
Nesta safra, que termina em julho, os reeducandos da colônia de Bauru devem colher cerca de 25 mil kg de milho, usados na alimentação de bovinos e 260 suínos.
Na pecuária, a colônia tem uma criação de 520 cabeças e 50 matrizes para o leite, com uma produção de 250 litros de leite por dia e de 400 kg de carne por mês.
Segundo o diretor, o plantel da colônia é formado por raças puras, como nelore, gir e santa gertrudes, e também por animais cruzados.

Redução de custos
Os detentos são orientados por técnicos, veterinários e agrônomos, responsáveis pelo repasse das informações sobre os cruzamentos do gado, além da erradicação das doenças do rebanho.
"Com essa produção, conseguimos reduzir em até 40% as despesas com alimentos na colônia. No caso dos legumes e das verduras, a economia chega a 90%", diz o diretor.
De acordo com Oliveira, o custo para manter um preso em uma colônia agrícola como a de Bauru é de cerca de R$ 600 por mês, sendo que, em uma penitenciária comum, esse custo alcança cerca de R$ 800.
"A vantagem é que não temos muitos gastos com alimentação e segurança, porém o número de pessoas e técnicos envolvidos nesse processo é muito maior", diz Oliveira.
O diretor diz que a colônia de Bauru tem buscado aumentar a sua produtividade, o que pode garantir uma queda de até 70% nos custos com os detentos dentro de três anos.


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