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COLÔNIA AGRÍCOLA
Trabalho no campo colabora para a reabilitação dos detentos, além de reduzir despesas com alimentos
Presídios produzem parte da sua comida
ANDRÉ MESQUITA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Destinadas aos presos de pequena periculosidade e também aos
que cumprem o estágio final da
pena, as colônias penais agrícolas
têm por objetivo reabilitar os detentos, chamados de reeducandos, por meio da produção de alimentos.
O trabalho dessas instituições
também contribui para a redução
dos gastos públicos no sistema
penitenciário.
Segundo dados do Ministério
da Justiça, o Brasil possui apenas
22 colônias agrícolas em um total
de 862 estabelecimentos penitenciários.
Considerada uma das principais unidades do Estado de São
Paulo, o Instituto Penal Agrícola
de Bauru conta com uma área de
666 hectares, onde cerca de 200
detentos trabalham em diversas
áreas da produção agropecuária.
"Temos aqui desde a plantação
de hortaliças até a criação de bovinos e suínos, que abastecem a
nossa unidade", diz Gilberto de
Oliveira, diretor da colônia penal.
Com 700 presos, a colônia de
Bauru, de regime semi-aberto,
também possui 200 detentos encarregados em executar serviços
externos, como a construção civil.
Os que trabalham fora recebem
cerca de R$ 140 por mês, sendo
que 20% desse valor é repassado
para os que trabalham na agricultura e depositado na chamada
conta-pecúlio.
Oliveira explica que, a cada três
dias trabalhados, os detentos ganham um dia de remissão.
Hábito saudável
"Participar da produção da colônia é um hábito saudável, que
funciona como uma espécie de terapia e resgata a auto-estima do
reeducando", explica.
A colônia produz cerca de 7.000
kg de hortaliças por mês. Cerca de
26 hectares são destinados à produção de milho.
"Pelo menos 30% da produção
de hortaliças é repassada para instituições filantrópicas da região",
diz o diretor.
Nesta safra, que termina em julho, os reeducandos da colônia de
Bauru devem colher cerca de 25
mil kg de milho, usados na alimentação de bovinos e 260 suínos.
Na pecuária, a colônia tem uma
criação de 520 cabeças e 50 matrizes para o leite, com uma produção de 250 litros de leite por dia e
de 400 kg de carne por mês.
Segundo o diretor, o plantel da
colônia é formado por raças puras, como nelore, gir e santa gertrudes, e também por animais
cruzados.
Redução de custos
Os detentos são orientados por
técnicos, veterinários e agrônomos, responsáveis pelo repasse
das informações sobre os cruzamentos do gado, além da erradicação das doenças do rebanho.
"Com essa produção, conseguimos reduzir em até 40% as despesas com alimentos na colônia. No
caso dos legumes e das verduras, a
economia chega a 90%", diz o diretor.
De acordo com Oliveira, o custo
para manter um preso em uma
colônia agrícola como a de Bauru
é de cerca de R$ 600 por mês, sendo que, em uma penitenciária comum, esse custo alcança cerca de
R$ 800.
"A vantagem é que não temos
muitos gastos com alimentação e
segurança, porém o número de
pessoas e técnicos envolvidos nesse processo é muito maior", diz
Oliveira.
O diretor diz que a colônia de
Bauru tem buscado aumentar a
sua produtividade, o que pode garantir uma queda de até 70% nos
custos com os detentos dentro de
três anos.
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