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São Paulo, Terça-feira, 27 de Julho de 1999
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LAGOSTA Maior parte das embarcações do NE não tem infra-estrutura Pescadores passam mais de dez dias em alto-mar
do enviado à Bahia Tempestade, falta de infra-estrutura (incluem-se aí barcos sem banheiros), concorrência desleal com embarcações clandestinas e invasão de território pela concorrência são alguns dos problemas enfrentados pelos pescadores de lagosta no litoral do Nordeste. "É um segmento ignorado pelas autoridades brasileiras", reclama o pescador de Ilhéus (BA) José Guilherme dos Santos, 45, 21 destes destinados à atividade. Santos comanda uma equipe de cinco pescadores. Eles costumam sair cedo para pescar, sempre na maré cheia, por volta das 5h. Ficam no mar, em média, 12 dias. A alimentação da tripulação é preparada na cozinha do barco, que mede cerca de 9 metros, como a maior parte das embarcações de pesca de lagosta. O estoque de água potável é de 800 litros, usados para matar a sede, para o preparo das refeições e para o banho, feito com canequinha. Não existe banheiro no barco. As redes, que medem de 100 metros a 150 metros, são jogadas em áreas com profundidades entre 30 metros e 90 metros em alto-mar. No outro dia, pela manhã, são retiradas pelos pescadores. Esse trabalho exige atenção redobrada, segundo Santos. "Se bobear, outros pescadores roubam as redes e a pesca", diz. As lagostas e os peixes ficam guardados no frigorífico do barco. Santos fez cursos de combate a incêndios e tem autorização para pescar, além de conhecer comandos do barco, monitoramento via satélite e rádio. Diz estar indignado com a escassez de lagostas no litoral nordestino. "Falta conscientizar o pescador. Se ele destruir uma determinada área, não terá como sobreviver sem ela. É isso que está acontecendo e ninguém faz nada." O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) reconhece que não tem condições de controlar as embarcações. Em Ilhéus, Rui Rego Cavalcanti, 44, trabalha diariamente sem hora certa para parar. Há 24 anos vive da pesca. Dono da Pontal Pescados, comanda embarcações, vende peixes e crustáceos para empresas, restaurantes e diretamente para o consumidor, além de pilotar uma barca de turismo nos finais de semana. Antes de se tornar um empresário, pescou tubarões durante três anos. Abandonou a atividade em 1984. Atualmente, Cavalcanti está vendendo a lagosta a US$ 16/kg. Segundo ele, 60% do valor é aplicado na manutenção e no custo de produção da pesca. Reclama do preço. Afirma que o mercado é controlado pelas empresas cearenses de pesca, que acabam tabelando a mercadoria. (RO) Texto Anterior: Cuba ensina pesca ao Brasil Próximo Texto: Painel rural Índice |
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