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AGROBUSINESS
Recuperação dos preços do álcool motiva plantio de cana
VÂNIA CARVALHO
da Folha Ribeirão
A recuperação do preço do álcool no país vai ampliar o plantio
de cana-de-açúcar para a safra
2001-2002, que teve início na semana passada e vai até abril.
Os produtores paulistas da região de Ribeirão Preto (a 319 km
de São Paulo) projetam uma reforma do canavial entre 15% e
20%.
Apesar da retomada no plantio,
o setor descarta novos recordes
na colheita.
É que a safra que será colhida a
partir de maio apresentará quebra e deve ser 20% inferior à anterior.
"No ano passado praticamente
não se plantou. Os preços baixos
desestimularam o investimento",
diz o presidente da Canaoeste
(Associação dos Plantadores de
Cana do Oeste do Estado de São
Paulo), Manoel Carlos Azevedo
Ortolan.
A associação reúne 2.500 produtores da região de Sertãozinho
e Ribeirão Preto.
Segundo ele, a intenção é recuperar o canavial. Ortolan não
acredita que a safra 2001-2002 supere o recorde de 98-99, quando
se colheu no país 300 milhões de t
de cana.
Reflexo da falta de plantio, a
idade do canavial aumentou nos
últimos dois anos.
A cana antes era colhida com
idade entre 2 a 4 anos. Na safra
atual, a idade da cana para corte
está entre 5 e 6 anos.
"A longevidade maior do canavial representa baixa produtividade", diz o vice-presidente do Sindicato do Álcool, Cícero de Junqueira Franco.
Ele afirma que a safra que será
colhida neste ano- em São Paulo, a safra vai de maio a novembro- vai apresentar também os
efeitos da seca do ano passado.
Segundo Franco, a estiagem nos
meses de outubro e novembro foi
mais acentuada que em anos anteriores.
Ele critica a postura do governo
federal em relação ao setor. Franco diz que os leilões de álcool promovidos pelo governo são uma
forma de concorrência desleal
com o produtor.
"É uma irresponsabilidade. O
governo está fazendo dinheiro
com o estoque estratégico", diz.
Para ele, estas atitudes desestimulam o produtor.
"O governo está brincando com
fogo e brincar com fogo perto de
álcool é perigoso", afirma o usineiro.
O presidente da Companhia
Energética Santa Elisa, Maurílio
Biagi, afirma que a qualidade do
canavial está muito ruim.
Ele diz que é necessário reformar. Biagi aposta num aumento
de 30% do plantio em relação à
safra anterior.
"Temos cana que precisaria ser
erradicada", diz o usineiro. Para
ele, a queda na produção do próxima safra é uma das responsáveis pela recuperação dos preços
do álcool.
"Os preços atuais já embutem
essa expectativa", diz. Biagi afirma que o mercado interno está
aquecido e poderá manter a recuperação do setor.
Os produtores de cana-de-açúcar do Nordeste só começam o
período de plantio a partir do mês
de abril.
As diferenças climáticas fazem
com que o Nordeste e o Centro-Sul do país tenham safras de cana
diferenciadas.
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