São Paulo, terça-feira, 29 de fevereiro de 2000


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AGROBUSINESS

Recuperação dos preços do álcool motiva plantio de cana

VÂNIA CARVALHO
da Folha Ribeirão

A recuperação do preço do álcool no país vai ampliar o plantio de cana-de-açúcar para a safra 2001-2002, que teve início na semana passada e vai até abril.
Os produtores paulistas da região de Ribeirão Preto (a 319 km de São Paulo) projetam uma reforma do canavial entre 15% e 20%.
Apesar da retomada no plantio, o setor descarta novos recordes na colheita.
É que a safra que será colhida a partir de maio apresentará quebra e deve ser 20% inferior à anterior.
"No ano passado praticamente não se plantou. Os preços baixos desestimularam o investimento", diz o presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Manoel Carlos Azevedo Ortolan.
A associação reúne 2.500 produtores da região de Sertãozinho e Ribeirão Preto.
Segundo ele, a intenção é recuperar o canavial. Ortolan não acredita que a safra 2001-2002 supere o recorde de 98-99, quando se colheu no país 300 milhões de t de cana.
Reflexo da falta de plantio, a idade do canavial aumentou nos últimos dois anos.
A cana antes era colhida com idade entre 2 a 4 anos. Na safra atual, a idade da cana para corte está entre 5 e 6 anos.
"A longevidade maior do canavial representa baixa produtividade", diz o vice-presidente do Sindicato do Álcool, Cícero de Junqueira Franco.
Ele afirma que a safra que será colhida neste ano- em São Paulo, a safra vai de maio a novembro- vai apresentar também os efeitos da seca do ano passado.
Segundo Franco, a estiagem nos meses de outubro e novembro foi mais acentuada que em anos anteriores.
Ele critica a postura do governo federal em relação ao setor. Franco diz que os leilões de álcool promovidos pelo governo são uma forma de concorrência desleal com o produtor.
"É uma irresponsabilidade. O governo está fazendo dinheiro com o estoque estratégico", diz. Para ele, estas atitudes desestimulam o produtor.
"O governo está brincando com fogo e brincar com fogo perto de álcool é perigoso", afirma o usineiro.
O presidente da Companhia Energética Santa Elisa, Maurílio Biagi, afirma que a qualidade do canavial está muito ruim.
Ele diz que é necessário reformar. Biagi aposta num aumento de 30% do plantio em relação à safra anterior.
"Temos cana que precisaria ser erradicada", diz o usineiro. Para ele, a queda na produção do próxima safra é uma das responsáveis pela recuperação dos preços do álcool.
"Os preços atuais já embutem essa expectativa", diz. Biagi afirma que o mercado interno está aquecido e poderá manter a recuperação do setor.
Os produtores de cana-de-açúcar do Nordeste só começam o período de plantio a partir do mês de abril.
As diferenças climáticas fazem com que o Nordeste e o Centro-Sul do país tenham safras de cana diferenciadas.


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